Jesualdo Ferreira já não é oficialmente treinador do Sp. Braga. O homem que começou a edificação dos «Guerreiros do Minho» regressou ao comando técnico dos arsenalistas, mas a aventura terminou à vigésima jornada. Aposta pessoal de António Salvador, à entrada para o último terço do campeonato os minhotos têm o pior registo da última década.

Jogadores influentes da última época rumaram a outras paragens numa assumida reformulação do plantel. Quim deixou a baliza bracarense para dar o seu lugar a Eduardo. Ao experiente guarda-redes juntaram-se jogadores como Ismaily, Leandro Salino, Douglão, Mossoró ou Hugo Viana que abandonaram o clube. Ao todo, entre o início da época e o mercado de inverno chegaram ao Sp. Braga de Jesualdo Ferreira 17 caras novas.

Ainda assim, uma pré-época de bons resultados aliada ao vasto leque de jogadores que prometiam brilhar deixava antever uma reestruturação segura e estruturada, sem grandes riscos para o clube. Por exemplo, o Sp. Braga venceu o Torneio de Guadiana ao bater o pé a Sporting e a West Ham.

Primeira derrota traduziu-se no adeus à Europa

O arranque oficial da temporada não ficou aquém das espectativas e o Sp. Braga venceu os três primeiros encontros: fora, no reduto do Paços de Ferreira (que havia ficado em terceiro na última temporada roubando precisamente aos minhotos o acesso à Liga dos Campeões), na Roménia diante do Pandurii a contar para o play-off de acesso à fase de grupos da Liga Europa e no Municipal de Braga na receção ao Belenenses.

A primeira derrota caiu com estrondo em Braga. Um Braga de «Champions» na última época saía prematuramente das competições europeias, sendo eliminado da Liga Europa aos pés do estreante Pandurii.

Mesmo com uma vantagem de um golo trazida da Roménia e um cenário favorável, o Sp. Braga dava indicações daquilo que seria um dos seus «calcanhares d’Aquiles»: os jogos no Municipal de Braga. Foi derrotado em casa e afastado das competições europeias.

Receção ao Sporting a um ponto da liderança

Os Guerreiros compuseram-se da desilusão europeia, e mesmo com uma derrota em Barcelos diante do Gil Vicente chegaram à sexta jornada a apenas um ponto da liderança, mantendo o registo de épocas anteriores. Uma posição confortável e ambiciosa, a fazer jus à tradição recentes do clube.

Novo desaire caseiro, desta feita diante do Sporting do seu antigo treinador, Leonardo Jardim, precipitou uma queda abrupta na tabela classificativa. Um golo de Alan não foi suficiente para evitar a derrota perante os leões que começavam a dar cartas. Fredy Montero logo aos 5 minutos abriu o marcador, Cedric Soares confirmou o triunfo quando faltava quatro minutos para os noventa.

Mesmo a derrota no Municipal de Braga com o Sporting não deixava antever o que veio a seguir. Mais quatro derrotas consecutivas para o campeonato, duas delas em casa, atiraram o Sp. Braga para o meio da tabela batendo um record antigo de derrotas consecutivas no clube.

A visita à Choupana foi infortuna e traduziu-se num regresso à cidade dos arcebispos sem qualquer ponto. Mas o pior estava para vir. Numa dupla jornada caseira, o Sp. Braga ficou de mãos a abanar averbando duas derrotas perante a Académica e o Rio Ave. O ciclo de derrotas ficou completo no Estádio da Luz, com o Sp. Braga em quatro jornadas a cair do segundo lugar para o nono posto da classificação.

Esperança recaiu nas taças…

Com a prestação no campeonato a não tomar o rumo certo, entre triunfos prometedores e resultados pouco favoráveis, a esperança arsenalista de Jesualdo Ferreira começou a recair nas taças. Campeões em título da Taça da Liga, os Guerreiros cerraram fileiras e lançaram-se novamente ao troféu.

Um percurso imaculado, três jogos três vitórias, na fase de grupos colocou o Sp. Braga nas meias-finais diante do Rio Ave. Um jogo polémico afastou o Sp. Braga da final, depois de perder por duas bolas a uma no Estádio dos Arcos em Vila do Conde.

Na Taça de Portugal Jesualdo Ferreira conseguiu colocar o Sp. Braga também nas meias-finais. Gafetense, Olhanense, Arouca, e Desportivo das Aves foram os alvos antes de chegar a nova meia-final, também diante do Rio Ave. Não sem antes se livrarem de novo susto na pedreira ao apenas conseguir ultrapassar o Desportivo das Aves no prolongamento.

Professor nunca conseguiu estabilizar equipa

Está traçado o percurso de Jesualdo Ferreira neste regresso ao S. Braga. em trinta jogos, Jesualdo Ferreira conseguiu 16 vitórias, 3 empates e 11 derrotas. Para trás fica um afastamento precoce da Liga Europa perante um modesto Pandurii e um registo muito intermitente no campeonato. Nunca o Sp. Braga de Salvador esteve tão distante dos lugares europeus. A ânsia de reconquistar a Taça da Liga esfumou-se em Vila do Conde.

Restam dez jornadas para disputar no campeonato, e uma desvantagem de nove pontos para o Estoril e seis para o Nacional da Madeira para dissipar no sentido de chegar aos lugares europeus. A Taça de Portugal poderá ser uma tábua de salvação da época, podendo permitir o apuramento europeu e a disputa do troféu no último jogo da época no Estádio do Jamor.

Fica a certeza de que o professor nunca conseguiu estabilizar uma equipa neste regresso ao Minho. A estrela da companhia é agora Rafa, coadjuvado pelo capitão Alan. No início da época também ele, Rafa, começou intermitente e refém do estatuto de Ruben Micael no centro do terreno. O jovem deambulou pelas alas à espreita de oportunidades. Agora titular, Custódio esteve na porta de saída e na sombra de Mauro.

Lesões e gestão do plantel levaram a que a defesa do Sp. Braga fosse uma autêntica roda-viva. Sobram centrais, o plantel tem seis neste momento, e falta uma defesa consolidada quando já foram utilizados doze jogadores diferentes no setor mais recuado. No ataque as lesões de Éder e o parco rendimento de Edinho levaram às contratações de Rusescu e Erick Moreno no mercado de inverno

Jesualdo Ferreira deixa o comando técnico do Sp. Braga debaixo de grande contestação por parte dos adeptos e depois do pior momento da época. Às derrotas em Vila do Conde, que valeu o afastamento da Taça da Liga, seguiu-se novo desaire no Estoril a contar para o campeonato. Sempre que averbara duas derrotas consecutivas o Braga respondia com um triunfo. Com a paciência dos adeptos a esgotar-se, a receção ao Arouca tornou-se numa prova de fogo. O Sp. Braga conseguiu empatar já para lá dos noventa.