Sp. Braga e Sporting estão perto da ruptura negocial. Numa altura em que a iminente conclusão do processo de saída de Enakarhire parecia conduzir à contratação dos jogadores provenientes do Sp. Braga (João Alves, Nunes e Wender foram os nomes apontados por responsáveis leoninos nas últimas semanas), eis que o clube minhoto veio esta terça-feira, em comunicado, criticar de forma dura a forma como a SAD leonina conduziu as negociações e dar praticamente por fechada qualquer possibilidade de entendimento com os leões.
O comunicado, no qual os representantes do clube minhoto se afirmam, tal como os atletas em causa, «gravemente lesados pelo comportamento do Sporting», assume pretender «colocar um ponto final nas notícias que mencionam transferências de jogadores do Sp. Braga para o Sporting».
Pelo caminho fica detalhada, com todos os pormenores, a evolução das negociações entre os dois clubes, numa espécie de cronologia dos acontecimentos que pretende colocar a nu o comportamento menos correcto dos dirigentes leoninos. A SAD do Sp. Braga diz que a primeira reunião entre os dois clubes juntou António Salvador, Paulo de Andrade e Rui Meireles, tendo a razão sido o lateral-esquerdo Jorge Luiz. «Informados do valor exigido, imediatamente o Sporting, supostamente, desistiu da pretensão de ter nos seus quadros Jorge Luiz».

Os clubes haveriam de voltar a encontrar-se depois. Num reunião outra vez convocada pelo Sporting e a qual contou desta vez com a presença do empresário Jorge Mendes. «Nessa reunião o Sporting manifestou interesse nos jogadores João Alves e Wender, e mais tarde em Nunes». António Salvador informou nessa altura Rui Meireles da existência de uma proposta de um clube inglês por João Alves, no valor de 4,5 milhões de euros. «O responsável do Sporting solicitou ao Sp. Braga e a Jorge Mendes que esquecessem essa proposta e negociassem com o Sporting. Uma pretensão aceite por se considerar que desportivamente poderia ser melhor para o atleta, e no futuro ser financeiramente melhor para o Sp. Braga».
Ficou então estabelecido um princípio de acordo que estabelecia a compra por parte do Sporting de 50 por cento do passe de João Alves a troco de 2,5 milhões de euros, ficando o Sp. Braga com metade do total de uma futura venda, e a compra do passe de Wender por um milhão de euros. «Este acordo ficaria apenas pendente do retomar das negociações da venda de Enakarhire ao Dínamo de Moscovo», diz o comunicado.
«Ontem à noite, 11 de Julho de 2005, e depois do negócio Enakarhire já estar concluído, Jorge Mendes convocou uma reunião entre o Sporting e o Sp. Braga, supostamente para a conclusão das negociações. Quando se pensava que o Sporting iria ultimar o acordo atrás referido, foi com grande admiração que o Sp. Braga e o empresário Jorge Mendes ouviram que afinal o Sporting já não estava interessado em João Alves, querendo apenas uma opção de compra para o próximo ano. Mantinha o interesse em Wender e voltava a pretender Nunes, oferecendo 400 mil euros (80 mil contos) e cedendo a título de empréstimo os jogadores Nuno Santos, Hugo e Valdir».
Ora o Sp. Braga considerou esta proposta «impensável» e «contrária ao acordo estabelecido», dando imediatamente por suspensas as negociações. E interroga-se se o objectivo do Sporting teria sido «usar Jorge Mendes para efectuar a venda de Enakarhire, criando uma falsa expectativa de poder cumprir o acordo estabelecido com o Sp. Braga, pois sabiam que não tinham capacidade, sem o empresário, de realizar o negócio?». As últimas palavras são para João Alves, Wender e Nunes. «Temos a certeza que compreenderão a forma como foram usados para a concretização de outras intenções, e não se sentirão afectados, não deixando de considerar os responsáveis do Sporting não compradores, mas sim vendedores de ilusões».