SIGA O SP. BRAGA-V. GUIMARÃES AO MINUTO

O mundo ainda se entretinha a dividir a Alemanha em dois blocos, na ressaca da II Guerra Mundial, quando Sp. Braga e V. Guimarães iniciaram um combate que dura há sessenta anos. Os registos dizem que o choque de egos minhoto começou a agitar-se na primeira divisão em 1947.

É provável que seja mais antigo do que isso. Desde essa altura, pelo menos, tornou-se oficial. Cresceu no tempo e ganhou argumentos. Por estes dias ficou maior do que nunca. É impossível desmentir, aliás, que é agora um dos maiores jogos do calendário do futebol nacional.

Alimenta-se como todos os derbies da partilha de um espaço comum. Mas ao contrário de outros derbies alimenta-se também de uma competição mais antiga: Braga e Guimarães rivalizam na tradição, na universidade, rivalizam até no papel histórico que assistiu à origem de Portugal.

A rivalidade sempre lá esteve, portanto. O futebol só a incendiou de paixão.

Ora por isso é que no dia em que Braga e Vitória voltam a defrontar-se, num jogo inflamado de paixão, o Maisfutebol foi perceber como vive o derby quem o viveu por dentro. Karoglan diz por exemplo que o jogo perdeu o carater lúdico: tornou-se coisa séria.

«Antigamente era uma rivalidade bonita. Só havia bocas e conversa quente. Mas entretanto o Braga cresceu e a rivalidade aumentou também.» Barroso vai mais longe: «Atualmente o Braga está muito superior. Isso provoca algum ciúme e a rivalidade também cresce», diz.

Karoglan, Barroso e os dias do «Braga fraquinho»

Nesta altura é impossível ignorar um episódio com dezenas de anos e que acaba por ser sintomático: quando o Sp. Braga estava na segunda divisão e disputava com o Sp. Covilhã um jogo que valia a subida, foi a Guimarães buscar adeptos para apoiar a equipa. E o adeptos vieram.

Os tempos mudaram. A tolerância também. No fundo é também isso que torna este derby maior. «Sente-se o pulsar», diz Pedro Barbosa. «A paixão em Guimarães é diferente. O Vitória é a equipa que mais adeptos leva fora, pois os grandes contam com os adeptos dos locais que visitam.»

O crescimento do Sp. Braga, porém, questiona esta superioridade: de acordo com os registos mais recentes, aliás, a formação bracarense ultrapassou o rival minhoto em número de sócios. O V. Guimarães, porém, continua a ter mais adeptos no estádio nos jogos em casa.

Pedro Barbosa, N'Dinga e a «rivalidade eterna»

Desportivamente estão igualados em participações nas provas europeias. Mas o Sp. Braga já soma um final da Liga Europa e um segundo lugar na Liga. Algo que o V. Guimarães nunca alcançou. Em compensação os vimaranenses reúnem 66 participações na Liga contra 55 do Braga.

No computo geral, 47 vitórias para o Guimarães, 25 empates e 43 vitórias do Braga. Mais equilíbrio, portanto. Enfim, são números que representam mais achas e ajudam a explicar a rivalidade. «É um jogo diferente por ser bairrista. Já não há muitos assim em Portugal», diz Barroso.

Não há, de facto. É um Vira que vira que o minho: e anima o país.