O Sp. Braga foi o primeiro a entrar em campo e ficou pelo caminho, eliminado na derrota caseira com o Rangers (1-0), depois de chegar a ter dois golos de vantagem em Glasgow na primeira mão, acabando a perder por 3-2. Nesta quinta-feira entram em campo FC Porto, Benfica e Sporting, que partem de resultados diferentes para tentar manter três equipas portuguesas nos oitavos de final da Liga Europa, igualando o melhor registo de sempre. Dragões e águias precisam de ganhar em casa para inverter as derrotas da primeira mão, os leões jogam na Turquia em posição teoricamente mais confortável, depois do triunfo em Alvalade.

Portugal já não vai prolongar o recorde de quatro equipas na fase a eliminar da prova, mas ainda pode chegar ao sorteio de sexta-feira com três representantes e repetir 2010/11, o ano em que teve três equipas nos oitavos de final, todas elas a atingirem as meias-finais, FC Porto e Sp. Braga na final e os dragões a levantarem a Taça em Dublin. Nessa temporada também estiveram quatro nos 16 avos de final e foi o Sporting o primeiro a descolar do pelotão, eliminado precisamente, por ironia, pelo Rangers, com um 2-2 em Alvalade, depois do 1-1 em Ibrox.

Era a segunda edição da Liga Europa, a sucessora da Taça UEFA, e por esse tempo Portugal consolidou estatuto na competição, com mais duas presenças em finais, ambas perdidas pelo Benfica em 2013 e 2014, e ainda com a presença do Sporting na meia-final em 2011/12.

Ao fim de uma década de Liga Europa, Portugal é ainda claramente o terceiro país mais bem sucedido na competição, com as quatro presenças na final, mais duas meias-finais, atrás das largamente dominadoras Espanha e Inglaterra. Esse estatuto foi-se diluindo nas temporadas mais recentes. Nos últimos cinco anos o melhor que os clubes portugueses conseguiram foi a presença nos quartos de final: o Benfica na época passada, o Sporting em 2017/18 e o Sp. Braga em 2015/16.

O Benfica é o clube português com melhor registo nesta fase da Liga Europa: em cinco presenças conseguiu cinco apuramentos para os oitavos de final, tendo sempre chegado pelo menos aos quartos de final. O Sporting, recordista de presenças na prova - vai na nona participação -, procura qualificar-se pela quarta vez para os oitavos.

Quanto ao FC Porto, o único clube português a vencer a prova, tanto enquanto Taça UEFA como já na designação Liga Europa, tem quatro participações anteriores e dois apuramentos: além de 2010/11, também em 2013/14, quando chegou aos «quartos». Na última presença nesta fase, em 2015/16, ficou-se pelos 16 avos de final, tal como em 2011/12. O Sp. Braga falhou a oportunidade de se apurar pela terceira vez para os oitavos.

O peso português na Liga Europa estende-se aos bancos, com um número incrível de treinadores lusos em competição: oito à entrada para esta fase, um quarto do total. Agora já sem Rúben Amorim, e também com a certeza de que um deles ficará pelo caminho, no duelo entre Bruno Lage e Luís Castro no Benfica-Shakhtar.

Além de Sérgio Conceição e Silas, estão na luta esta quarta-feira Nuno Espírito Santo, Paulo Fonseca e Pedro Martins. Com desafios diferentes. O Wolverhampton de Espírito Santo e da armada portuguesa vai a Barcelona defender a goleada conseguida na primeira mão frente ao Espanhol (4-0). A Roma de Fonseca também parte para a segunda mão em vantagem, mas apenas de um golo, decidindo a eliminatória no terreno do Gent. Mas difícil o cenário para o Olympiakos de Pedro Martins, que perdeu em casa com o Arsenal e só se apura se inverter o resultado no Emirates.

O Maisfutebol olha para cada um dos desafios das equipas portuguesas em prova, à luz dos antecedentes europeus.

FC Porto-Bayer Leverkusen, 17h55 (1-2 na primeira mão)

O golo de Luís Diaz manteve a eliminatória em aberto e levou a decisão para o Dragão. O histórico do FC Porto com um 2-1 trazido de fora é marginalmente positivo. Tem quatro apuramentos em sete confrontos, o último dos quais bem fresco na memória, a épica reviravolta da temporada passada que permitiu a passagem aos quartos de final da Liga dos Campeões frente à Roma, resolvida com um triunfo por 3-1 no prolongamento. Mas o frente a frente histórico com equipas alemãs é menos simpático: em 12 duelos a eliminar na sua história europeia, só se apurou em dois. E nunca conseguiu afastar uma formação germânica depois de ter perdido o primeiro jogo fora, sendo a eliminatória com o Borussia Dortmund nesta fase da Liga Europa em 2015/16 o último exemplo. Um estatuto que Sérgio Conceição reconheceu na antevisão da partida, evidenciando a qualidade do Bayer Leverkusen e o poderio alemão, também no presente: todas as seis equipas ainda em prova, na Champions e na Liga Europa, venceram os jogos da primeira mão.

Basaksehir-Sporting, 17h55 (1-3 na primeira mão)

Uma exibição sólida em Alvalade lançou os leões na eliminatória, mas o golo de Visca deu alento à formação turca. Silas já anunciou que irá prosseguir uma lógica de gestão da equipa, mudando alguns jogadores, ainda que a eliminatória não esteja de todo ganha. De qualquer forma, o Sporting parte em posição confortável para a decisão na Turquia, onde empatou os três jogos europeus que fez até agora, um resultado que seria suficiente para o apuramento. Na única vez em que jogaram a segunda mão fora depois de vencerem por 3-1 em casa os leões apuraram-se, mesmo perdendo por 2-1 – foi em 1985/86, na primeira eliminatória da Taça UEFA, frente ao Feyenoord. Mas têm vários exemplos de decisões que correram mal após triunfos em casa, incluindo os traumáticos duelos com Casino Salzburgo, em 1993/94 para a Taça UEFA, e com Rapid Viena, dois anos mais tarde, para a Taça das Taças, quando foram eliminados em ambos os casos depois de vencerem por 2-0 em Alvalade.

Benfica-Shakhtar Donetsk, 20h00 (1-2 na primeira mão)

Saiu por cima o Shakhtar do encontro em Kharkiv, mas o resultado também permite ao Benfica, que voltou às vitórias em Barcelos depois de quatro jogos sem ganhar, discutir o apuramento. A equipa ucraniana agora orientada por Luís Castro já sabe o que é vencer na Luz, depois de ter ganho por 1-0 para a fase de grupos da Liga dos Campeões em 2007/08 e, ainda que neste caso baste um empate, o técnico português já assumiu que o Shakhtar não jogará nesse pressuposto. Historicamente, o Benfica levou sempre a melhor em casa frente a equipas ucranianas em duelos a eliminar. Quanto às memórias europeias das águias depois de um 1-2 fora de casa, dão um empate. Conseguiu dois apuramentos, frente ao PSG na Taça UEFA em 2006/07, quando venceu por 3-1 em casa, e frente ao Marselha na histórica meia-final da ainda Taça dos Campeões Europeus, resolvida na Luz com o famoso golo de Vata. E foi eliminado outras duas vezes, ambas com equipas bem menos cotadas: o RC Liége em 1988/89 para a Taça dos Campeões Europeus (empate 1-1 na segunda mão), e no início do século o embaraço frente aos suecos do Halmstads, para a Taça UEFA, decidido num 2-2 na Luz.