Abel Ferreira, treinador do Sp. Braga, depois da goleada imposta ao Estoril (6-0), na Amoreira, em jogo da 25ª jornada da Liga.

[Análise ao jogo]

- Entramos muito fortes, sabíamos da importância deste jogo para o Estoril. Tentei explicar aos meus jogadores o que ia na alma dos jogadores do Estoril. A obrigatoriedade de ter de ganhar tira um pouco o discernimento. Com mérito do nosso adversário, porque o Estoril tem bons jogadores, a meio da segunda parte tivemos de juntar linhas, defender mais baixo e acabámos por sofrer um golo que não foi regular. Depois conseguimos fazer um golo de bola parada, trabalhamos muito esse tipo de lances durante a semana. Depois num contra-ataque excelente, fizemos o 3-0. Temos de ser uma equipa que tem de ter capacidade para entender os momentos do jogo. Fomos para o intervalo a vencer por 3-0, fizemos o que tínhamos a fazer. Na segunda parte o Estoril teve duas ou três oportunidades para fazer golo e podia ter chegado ao final com outro resultado, porque era justo.

[O objetivo agora é chegar ao terceiro lugar?]

- Estamos contentes, mas não satisfeitos. Estamos contentes com o que temos feito, mas queremos mais. Cada vitória que conseguimos, deixa-nos mais alertas, com mais responsabilidade. Temos jogadores novos que estão a conhecer a ambição deste clube. Eles gostam desta forma de jogar, sabem que os valoriza. Lancei-lhe o desafio para termos mais um jogo sem sofrer golos e isso foi conseguido, mas queremos ter o melhor ataque. Vamos continuar a fazer o nosso trabalho. Neste momento, não olhamos para os outros, queremos manter esta forma de jogar. Os jogadores gostam do que fazem, assumem a responsabilidade, é isto que faz a diferença. Temos de ser fiéis à nossa identidade.

[O Braga ainda passou por dificuldades a seguir ao primeiro golo]

- Não estávamos a conseguir lidar com primeira fase de construção do Estoril. O Pepê baixava nos centrais como subia entre os nossos avançados. Fizemos ajustes, encurtámos o bloco e voltámos a pegar no jogo. Mas mesmo assim, o Estoril tem excelente qualidade individual, teve excelentes oportunidades na segunda parte e seria justo se tivesse feito um golo.

[Foi uma das exibições mais completas da equipa?]

- A minha principal função enquanto treinador é que os jogadores percebam aquilo que estão a fazer. Porque é que defendemos mais alto ou mais baixo. Depois são eles que fazem a tática, são eles que jogam, não sou eu. Eu tenho a ideia, mas quem jogam são eles. As mães destes jogadores podem sentir-se muito orgulhosas porque tenho um conjunto de grandes homens. Tinha de haver rivalidade interna, mas há mais do que isso, há cooperação interna. É extremamente gratificante trabalhar com estes jogadores. Temos dezasseis jogadores novos, muito jovens e estamos a construir uma equipa para o futuro. As vitórias trazem mais responsabilidade, mais exigência, mais foco. Temos de treinar no limite, porque só assim se consegue fazer uma equipa de vencedores e campeões.