Quente, muito quente, mas só no final. O Sporting ganhou pela terceira vez consecutiva na época, agora num jogo que começou feio e frio como o tempo e acabou a escaldar. Não foi exibição bonita? Não, não foi. Foi uma vitória feia, mas, lá está, feio mesmo é não ganhar. E neste período do Sporting são muito mais importantes três pontos que uma qualquer nota artística. É, por assim dizer, a beleza do betão. O embelezamento, os pormenores, ficam para depois. Para já, é preciso continuar a lidar com os nervos, com os penalties de Van Wolfswinkel e também os de Patrício. São Pedro foi nota dominante durante o encontro, São Patrício acabou por ser decisivo.

O cimento não estava seco

Jesualdo Ferreira lançou o jogo na base de colocar perguntas ao Beira Mar, mas chegou ao intervalo ele próprio a interrogar-se sobre o que havia a fazer para mudar o Sporting, demasiado paciente, demasiado apático perante a estratégia mais encolhida do Beira Mar. Um ou outro desequilíbrio de Capel, um remate forte de Van Wolfswinkel e outro de Insúa foram o que o leão produziu no primeiro tempo.

Se o treinador pedia que esta fosse uma noite para consolidar a equipa, a verdade é que o cimento das vitórias sobre Paços de Ferreira e Olhanense ainda não estava seco. Aqueles lances acima descritos assim o indicavam, mas maior indicador era a grande oportunidade do primeiro tempo. Que pertenceu ao Beira Mar! Nildo descobriu Rui Sampaio e este atirou em arco, na área, mas para fora.

Carrillo «à Barbosa»

Ora, ao intervalo, a estratégia do Beira Mar só não tinha sucesso total por causa daquele pontapé desafinado do camisola 2. Se era expectável que os aveirenses voltassem ao jogo como nele entraram - afinal, não havia razões para mudar um plano mais do que previsível - para Jesualdo Ferreira tinha de ser diferente.

Tinha de ser diferente na motivação, começou por sê-lo na tática. Labyad deixou o miolo e trocou com Jeffrén, que vinha da esquerda para o meio. Apesar de mais ritmado, o leão continuou embrulhado no esquema contrário, e com Capel a levantar a cabeça ao fim de meia dúzia de toques na bola e colocá-la em Van Wolfswinkel.

Em resumo, era preciso mais. Era preciso algo diferente. Entrou Carrillo. O peruano tem uma habilidade muito acima da média, é daqueles futebolistas que pode, de um momento para o outro, resolver o jogo. Quando Labyad amorteceu para o peruano, porém, foi Pedro Barbosa que entrou em campo para inspirar Carrillo num remate de marca registada do antigo capitão leonino. O arco do triunfo entrou na baliza de Rui Rego, seria celebrado no final, mas, pelo meio, sofrimento imenso.

E ainda não é 17 de março

Alvalade entrou em descanso quando Capel caiu na área e Cosme Machado assinalou um penalty duvidoso. Van Wolfswinkel atirou, mas Rui Rego defendeu. Instante seguinte, Miguel Lopes coloca um braço nas costas de Batatinha e, num penalty menos duvidoso que o primeiro, Ruben teve Rui Patrício pela frente.

O que o guarda-redes do Sporting fez a partir daí é quase um milagre. Defendeu a grande penalidade e como betão, ele sim, impediu o empate com uma defesa tremenda no frente a frente com Batatinha.

O Sporting não jogou bem, mas venceu e Carrillo embelezou a noite. O dia de São Patrício é só a 17 de março. Mas para bem do Sporting ele continua a aparecer por Alvalade mais do que seria imaginável.