Não foi propriamente um pontapé na crise, mas com duas cabeçadas de Onyewu, o Sporting quebrou a série negra de cinco jogos sem vitórias de 2012 e arrancou a primeira vitória do ano. Um triunfo importante na luta pelo terceiro lugar numa ronda em que o Marítimo recebe o Sp. Braga antes dos leões também visitarem os Barreiros na próxima semana. Mas a verdade é que, pelas muitas dificuldades evidenciadas esta tarde, com duas bolas nos ferros, os problemas estão longe de estar resolvidos para os lados de Alvalade.

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O jogo começou com um retrato perfeito do momento difícil que o Sporting atravessa. Logo a abrir o jogo, Onyewu deixou escapar uma bola e teve de fazer falta para Nildo não ficar destacado diante de Rui Patrício. Cartão amarelo para o norte-americano a deixar as bem preenchidas bancadas de Alvalade (38.405 espectadores), repletas de famílias, apreensivas. Domingos Paciência queria dar um golpe na ansiedade e recuperar a confiança dos seus jogadores, mas o primeiro sinal foi tudo menos positivo. E isso notou-se nos minutos seguintes. Muitos passes precipitados, muitas faltas e extrema dificuldade para chegar perto da área de Jonas.

Rui Bento apostou num meio-campo bem preenchido, com Nuno Coelho à frente da defesa e uma linha de quatro jogadores, apenas com Douglas mais adiantado. Os espaços eram reduzidos na tentativa, assumida pelo treinador, de tentar irritar o leão. Insúa, com um pontapé de longe, deu o primeiro sinal de irreverência, mas seria do lado contrário que viria a melhor resposta, com João Pereira e Matias Fernández a oferecerem boa dinâmica à ala direita. O Sporting encontrou aí um ponto fraco na defesa de Aveiro e entornou o seu jogo para esse flanco.

Sem fazer muito por isso, o Sporting marcou dois golos em poucos minutos. Dois golos de bola parada, ambos da direita, num canto e num livre, com Onyewu a concluir ambos de cabeça. O primeiro foi festejado por toda a equipa junto do banco com o treinador e o segundo serenou a equipa para um jogo que estava a ser difícil e, assim, continuou, com o Beira-Mar sempre incómodo. Apesar de mais serenos, os leões continuaram a manifestar extremas dificuldades nas transições, com Renato Neto com muitos problemas em travar as investidas de Nildo e Artur.

Domingos procura equilíbrio no banco

Os sinais de intranquilidade ganharam maior intensidade no início da segunda parte, com uma defesa instável, quer nos persistentes protestos de João Pereira, quer nas constantes percas de bola de Renato Neto. O Beira-Mar esteve muito perto de reduzir com um remate de Zhang à trave e Domingos teve mesmo de mexer na equipa, abdicando de Jéffren e Renato Neto, as unidades que estavam a dar mais problemas, para tentar reequilibrar a equipa com Carrillo e André Santos. Seba Ribas, muito apagado na primeira parte, apareceu finalmente no jogo, primeiro com um remate cruzado, depois com uma cabeçada, mas o Sporting continuava inconstante e com dificuldades para travar um Beira-Mar que nunca baixou os braços e, por várias ocasiões, chegou a estar por cima do jogo.

Domingos procurou ainda mais equilíbrio, com a entrada de André Martins e, com um Beira-Mar mais cansado, o jogo serenou finalmente. O Sporting podia ter feito o 3-0, mas o Beira-Mar também podia ter reduzido contando, inclusive, com uma bola no poste nos descontos, num jogo que prosseguiu aberto até final.

Uma vitória é sempre o melhor antídoto para uma crise de resultados e os três pontos permitem uma aproximação ao Braga e o descolar do Marítimo, mas os quase 40 mil adeptos que estiveram esta tarde em Alvalade não podem ter ficado satisfeitos com a exibição da equipa.