Era maior a pressão do Benfica, como tinha admitido Jorge Jesus. Porque tinha mais a perder esta noite em Alvalade. O Sporting aproveitou, usou essa maior tranquilidade e a força colectiva que tem sido a sua imagem recente e impôs-se (1-0) num derby que teve todo o ar de fim da linha para o Benfica na luta pelo título de campeão.

Falávamos então de quem tinha mais a perder. Era o Benfica, e perdeu mesmo. Agora vê o FC Porto a quatro pontos, quando faltam quatro jornadas para o fim do campeonato. A equipa que ainda em Fevereiro parecia ter a Liga na mão (chegaram a ser cinco pontos de vantagem) termina um ciclo terrível em queda. Não só pelo que perdeu (pelo meio foi-se também a Liga dos Campeões), mas também pelas dificuldades que evidencia.

Quanto ao leão, depois de uma primeira metade de época tão atribulada, chega aqui a sorrir. Ultrapassou o Marítimo no quarto lugar, ainda tem a Liga Europa e a final da Taça de Portugal. As voltas que isto deu.

O Benfica recuperou Luisão e Garay, depois de ter jogado em Londres com uma dupla de centrais adaptada. Emerson voltou ao lado esquerdo da defesa, Javi Garcia ao seu lugar no meio-campo. No onze, sem o castigado Aimar, coube ainda Rodrigo. No Sporting, Sá Pinto manteve apostas, com Matias Fernández num onze que, em relação ao que garantiu na Ucrânia a passagem às meias-finais da Liga Europa, só registava a entrada de Elias.

Alvalade estava em festa, mais de 47 mil espectadores, casa praticamente cheia para ver um jogo que começou com mais bola do lado do Benfica. Uma cedência assumida pelo Sporting. Logo aos dois minutos, após uma combinação com Rodrigo, Gaitán é travado por Polga. O jogo segue, ficam dúvidas se foi dentro ou fora da área.

Quinze minutos depois, o lance que decidiu tudo. Luisão agarra Wolfswinkel, o árbitro apita, penalty. Ironia. No jogo em que recuperou a sua primeira dupla de centrais, o Benfica começou a perder por um erro do mais experiente de todos. Wolfswinkel posicionou-se na marca e não falhou: bola para a esquerda de Artur, golo. Explosão de alegria em Alvalade.

A bola continuava do lado do Benfica. Em sentido figurado e literal. Estratégia do Sporting, que confirmava a imagem que tem deixado com Sá Pinto. Uma equipa concentrada, coesa, com uma estratégia que soube manietar o adversário. Restava ao Benfica tentar contornar a malha dos leões, coisa que não conseguiu. A Alvalade, no fim daquele tal ciclo, chegou uma equipa cansada e com poucas ideias.

O intervalo chegou neste tom, a segunda parte começou com uma alteração no Benfica. Entrava Yannick, o avançado que começou a época no Sporting e regressou a Alvalade vestido de vermelho. Ouviram-se assobios, como passaram a ouvir-se quando Yannick tocava na bola.

O jogo aqueceu. Foi um início de segundo tempo alucinante. Aos 51m, uma grande defesa de Artur a remate de Wolfswinkel, dois minutos mais tarde Insua evita quase em cima da linha o golo do Benfica, numa cabeceamento de Maxi. E dois minutos depois outra vez Artur a evitar o segundo do Sporting, a remate de Schaars. Antes de passar a hora de jogo, ainda o Benfica, num cabeceamento de Cardozo ao lado. E depois, ainda Wolfswinkel. E Artur, mais uma vez.

Jesus mexeu do banco, fez sair Javi e juntou Nélson Oliveira ao ataque. Três minutos depois Sá Pinto aproveitou para mexer também, tirar Schaars e fazer entrar Carriço

As oportunidades sucediam-se. Aos 72m, incrível Wolfswinkel. Sozinho na área, atrapalha-se no remate e desperdiça uma grande oportunidade. Na resposta o Benfica, Yannick sobe rápido, a passe de Gaitán, e remata ao lado.

Já com Nolito em campo do lado do Benfica e Rubio do lado do Sporting, os últimos 15 minutos foram menos frenéticos. Ainda assim houve tempo para Artur voltar a brilhar, e para Luisão acabar expulso. Em Alvalade, a maioria dos adeptos saia de sorriso nos lábios, os benfiquistas insultavam a equipa. As voltas que isto deu.