As receitas operacionais do Sporting não chegam para pagar os custos com o pessoal. Entre os grandes, tal só sucede em Alvalade. Maisfutebol comparou os grandes números dos primeiros nove meses do exercício. A distância entre Sporting e os outros dois maiores emblemas nacionais (Benfica e F.C. Porto) já é muito assinalável.

A diferença entre os três grandes nota-se logo nas receitas operacionais (sem venda de jogadores). O Sporting gerou 25 milhões de euros. O F.C. Porto arrecadou 55 e o Benfica liderou, com 63 milhões de euros. O dinheiro que entra em Alvalade é menos de metade do que se arrecada no Dragão e na Luz. A explicação para esse facto é encontrada em diversas linhas de atividade.

A presença europeia é enorme factor de diferenciação. Neste período, o Sporting juntou 1,9 milhões de euros. O Benfica 15,7 e o F.C. Porto 11,7 milhões, a UEFA é a principal fonte de entrada de dinheiro. O valor que os clubes recebem por patrocínios também é bem diferente. O Sporting declara cinco milhões, o F.C. Porto 9,8 e o Benfica lidera com 12 milhões.

Na bilheteira o Sporting também fica atrás, com quatro milhões, contra 5,2 do F.C. Porto e dez milhões do Benfica, divididos por bilheteira, lugares anuais e lugares cativos. O facto de ter um estádio maior poderá explicar parte da diferença. As boas assistências na Liga e Liga Europa nos meses de abril e maio farão subir este valor.

Só nas receitas televisivas o Benfica (6 milhões) está atrás de F.C. Porto (9,7) e Sporting (8,7). Os «encarnados» recusaram renovar com a Olivedesportos, ao contrário do que sucedeu no Dragão e em Alvalade, que beneficiam de valores atualizados. Na cedência da marca para merchandising os emblemas estão alinhados, os três com receitas que rondam os dois milhões de euros.

Nas receitas extraordinárias relacionadas com a venda de jogadores, a distância do Sporting para os outros dois impressiona. Os leões declararam receitas de 9,7. O F.C. Porto conseguiu cerca de 60 milhões e o Benfica 47 milhões. A análise das receitas dos três clubes não permite dúvidas: Benfica e F.C. Porto estão num campeonato, o Sporting ficou para trás, num segundo plano. As competições europeias são determinantes, aspeto que vai penalizar ainda mais o clube de Alvalade.

Custos de clube grande

Se nas receitas o Sporting ficou para trás, nos custos com pessoal isso não sucede, com gastos de 30 milhões de euros. O Benfica precisou de 36,8 e o F.C. Porto de 37 milhões. Conclusão: apesar de continuar a pagar bem, o Sporting não conseguiu tirar proveito dos jogadores.

Além dos custos com pessoal, os clubes apresentam gastos elevados numa linha designada por «fornecimentos a terceiros». O Sporting com 13,7 milhões, o Benfica com 17,9 milhões e o F.C. Porto com 27,9 milhões.

No total dos custos, o F.C. Porto preciso de 68 milhões de euros nestes primeiros nove meses. O Sporting utilizou 48 milhões de euros e o Benfica 62 milhões. Neste aspeto, que não inclui compra de jogadores, o Benfica poupou dois milhões de euros em comparação com o mesmo período do exercício anterior. O F.C. Porto gastou mais seis em custos com pessoal. O Sporting gastou mais um milhão.

Estes números traduzem a exata dimensão dos dois desafios de Bruno de Carvalho: reduzir de forma drástica os custos com pessoal e regressar à Liga dos Campeões. Pelo meio pode ter de vender alguns jogadores para gerir tesouraria.

O Benfica beneficia de uma estrutura de receitas muito repartida, com o dinheiro a entrar de diversos lados. O facto de regressar à Liga dos Campeões garante que os valores da UEFA continuarão a ser relevantes. As receitas televisivas poderão sofrer alteração no próximo exercício, uma vez que se prevê o início de novo ciclo. O F.C. Porto também estará na Liga dos Campeões e já encaixou um valor extraordinário com a venda de James e Moutinho. Se não comprar muito e caro poderá ter assegurado o equilíbrio das contas.