Desconfio sempre de análises definitivas com base em jogos de pré-temporada. Portanto, não é exatamente disso que se trata.

A verdade é que a dez dias do início da Liga o Sporting deu dois maus sinais ao perder no Torneio do Guadiana, com West Ham e Sp. Braga.

Perder, nesta fase, não é grande problema. Em condições normais. Acontece que o Sporting não vive em condições normais. E é isso que vale a pena lembrar neste texto.

Os adeptos do Sporting, e antes deles os dirigentes, devem recordar-se que o mais expectável, esta temporada, é não haver grande razão para sorrir.

Apesar de o Verão e o calendário nos dizerem que estamos numa nova época, não há exatamente muita coisa boa que tenha acontecido em Alvalade.

O jogador mais entusiasmante, Bruma, não quis ficar.

Uma promessa, Labyad, está impedida de jogar pelo presidente.

Dois jogadores experientes, Schaars e Miguel Lopes, foram embora. Outros, de ordenados caros, estão encostados e serão problema até que alguma alma caridosa lhes pegue e salve o dia do tesoureiro do Sporting.

Há muita gente jovem, mais estrangeiros sem estatuto que se chegassem a outro emblema seriam remetidos para as páginas de dentro dos jornais. E um bom treinador (o que já existia antes...).

Sinceramente, quando se pensa no Sporting o mais seguro é não esperar nada de muito grandioso. É assim, não tem grande problema. Face à situação do clube, é o que legitimamente devemos exigir.

Neste contexto, o papel de Bruno de Carvalho, o presidente, é fundamental.

Confesso que ainda não o entendi, mas pode ser problema meu. Não percebo a necessidade de se colocar tão à frente das câmaras, não percebo a reação desproporcionada à equipa de arbitragem na segunda-feira. Não percebo a atitude face a Labyad.

O Sporting, Leonardo Jardim e os jogadores vão precisar de um presidente presente, solidário, mas sobretudo frio na análise de todos os momentos difíceis da época. E vão ser muitos. Creio que o mais inteligente seria dar espaço a Augusto Inácio e recuar um pouco, funcionar mais como reserva do que como alguém que aparenta estar sempre à beira de entrar em campo para ir marcar uma grande penalidade. É que todos vão precisar, mais cedo ou mais tarde, de recorrer à reserva de crédito que o presidente tem junto dos sócios.

Resumindo: perder dois jogos seguidos na pré-temporada não é drama nenhum. No caso do Sporting, olha-se para a equipa e percebe-se que, naturalmente, há ali muita coisa que ainda não funciona. Mas isso não é novidade, pois não?