Paulo Pereira Cristóvão assume ter criado uma rede de informação durante o tempo em que foi dirigente do Sporting.

O antigo dirigente dos leões, em entrevista ao Expresso, diz mesmo que todos os elementos da estrutura do futebol tinham conhecimento disso.

Em relação ao caso Cardinal, Cristóvão diz estar inocente e não ter nada a ver com o depósito de dinheiro feito na conta do árbitro madeirense.

Em discurso direto, aqui ficam algumas das passagens mais relevantes da entrevista:

O CASO CARDINAL:

«No princípio de 2012 sonhei que estava a ser alvo de escutas (...) Nisto começam a cair uns 50 alertas de notícias sobre mim no telemóvel (...). Depois venho a saber que o Rui Martins [arguido e suposto depositante do dinheiro na conta do árbitro] é levado para a PJ, sem a presença de um advogado. «Ou nos dá o seu patrão à morte ou tem uma cela à sua espera durante cinco anos». E, de repente, o tipo que era o arguido recebeu um presente e passou a testemunha. O tipo que depositou não sei o quê na conta do árbitro lá na Madeira é a testemunha e eu passo a arguido».

«Quando fomos [à PJ] não houve uma pergunta que tivesse deixado por responder. Agora não me peçam para explicar os atos praticados por terceiros».

REDE DE INFORMAÇÃO:

«Há uma coisa que assumo: ter montado essa rede. Permitia saber os comportamentos desviantes que poderiam colocar em causa os nossos ativos. (...) Uma estrutura assim é má? Investimos mais de 40 milhões e ser-nos-ia indiferente que um jogador andasse a passear na linha do comboio? [coisa que não aconteceu]. Espionagem é andar escondidos nos carros e isso não havia».

«Toda a gente sabia disto. O Luís Duque, o Carlos Freitas, o Pedro Sousa...»

CONSELHO LEONINO:

«Não serve para nada. Disse-lhe logo isso na noite das eleições e ganhei ali 50 amigos. Chamei-lhes pavões anafados que andam à procura de dois ou três penachos e o direito a fotografias».

EDUARDO BARROSO:

«É um tolo que está a tornar o Sporting alvo da chacota nacional (...). À minha frente apresentou-se ao presidente do Ath. Bilbao como sendo a pessoa mais importante do Sporting e que podia demitir o próprio presidente se quisesse».

GODINHO LOPES:

«É o presidente de um clube de loucos e está rodeado de gente louca».