Objectivo cumprido: o Sporting conseguiu quebrar um ciclo de três empates consecutivos e seis pontos perdidos. O Estrela nunca conseguiu tornar o jogo difícil a jogador com um elevado nível de ansiedade, perdeu-se na interligação das jogadas e não encaixou um contra-ataque. Lá atrás, a defesa também não estava preparada para 90 minutos a embater com as vagas de ataque dos leões. Os tricolores saem de Alvalade com uma derrota por 3-1, os da casa vêem o moral e a esperança aumentarem um pouco para o que resta da temporada.
O Estrela da Amadora foi o adversário ideal para um Sporting que tinha pressa em expiar fantasmas, marcando cedo e esvaziando grande parte da pressão acumulada. Só um adversário apático e sem muitas ideias não conseguiria crescer depois de ver duas bolas em cada ferro da sua baliza e de assistir, de sorriso ao canto da bola, ao falhanço quase impossível de Carlos Bueno. Mas os tricolores nunca pareceram ter talento para jogar com a ansiedade adversária, para tirar partido dos passes falhados e das oportunidades perdidas, e foram justamente castigados por isso.
Moutinho resolve...
Romagnoli e Moutinho arrancaram para o jogo a uma velocidade diferente de todos os outros. O argentino começou o recital de bolas ao poste aos 12 minutos, embalando o remate cruzado com o pé esquerdo, depois de um pontapé de canto apontado por Tello. Dois minutos depois, servido por Yannick, enrolou a bola com o pé direito para a madeira do lado esquerdo de Paulo Lopes. Moutinho, actor secundário no primeiro grande momento de Romagnoli com dois roubos de bola, parecia também querer carregar a equipa às costas, dinamizando-a com várias iniciativas pela ala direita. Entretanto, Nani e Yannick davam esticões ao jogo e desapareciam, para voltar muitos minutos depois.
Quando os leões já tinham criado suficientes para construir um resultado mais tranquilo, o encontro acalmou. Vários passes sem direcção e o Estrela com um pouco mais de bola fizeram com que, durante cerca de dez minutos, entre o disparate de Bueno e o golo de Moutinho, os homens de Paulo Bento ameaçassem cair em novo abismo. No entanto, o miúdo-que-faz-sempre-tudo-bem carregou sobre os ombros toda a responsabilidade do momento, rodopiou sobre o corpo e, com o pé esquerdo, fez um golo que teve tanto de simples quanto de importante. Alvalade via evaporar-se do relvado uma densa neblina de ansiedade.
...e Yannick confirma
A partida precisava de mais do Estrela e Daúto parece ter conseguido injectar alguma vontade aos seus jogadores ao intervalo. Mas o Sporting só lhes deu três minutos, o tempo de que precisou Yannick para marcar o segundo golo. Um passe inteligente de Miguel Veloso colocou a bola para a velocidade do jovem avançado que hoje fez de Liedson. Com mais espaço do que alguma vez teve em todos os primeiros 45 minutos, rematou cruzado para as redes. Paulo Lopes estava batido, o Estrela por terra.
Ginga para a esquerda, fuga pela direita, com Amoreirinha no chão, impotente, já só podendo assistir ao remate cruzado. Aos 50 minutos, Yannick fazia o 3-0. Precisou de mais uma finta e da «tapinha» do poste direito, mas o resto da jogada parecia ter sido desenhado por cima do tracejado do primeiro golo. Há muito que os três pontos estavam atribuídos, há que se sabia que o Estrela não conseguiria levar nada de Alvalade. O ritmo baixou, Bento apostava em rodar alguns jogadores, dando descanso a Moutinho, e Alecsandro mostrou ainda estar de pontaria tão afinada quanto Bueno.
Se o vencedor estava encontrado, o resultado ainda não tinha fechado. Miguel Veloso iria perder uma bola que Marco Paulo destinaria a Moses. O avançado, aposta desde a meia-hora (saiu Rui Borges), foi menos trapalhão que em ocasiões anteriores e ultrapassou Ricardo. O Estrela saía do campo com um resultado menos pesado, mas nem por isso mais justo. Afinal, o que dizer de quem só teve uma oportunidade?