O presidente do Sporting revelou nesta quinta-feira que está a preparar uma solução financeira para a SAD, que já foi, de resto, apresentada ao Conselho Leonino. Godinho Lopes não levantou o véu, mas diz que se trata de uma questão paralela ao possível investimento externo.

«Já anunciámos uma solução ao Conselho Leonino, relativamente à SAD, que tem uma situação líquida negativa. A CMVM tem conhecimento de que estamos a estudar soluções, e quando esta estiver materializada comunicaremos à CMVM e aos sportinguistas. Independentemente da procura de um parceiro exterior ao Sporting, também estamos a validar uma solução para apresentar à CMVM e aos accionistas», revelou o presidente sportinguista, na conferência de imprensa marcada para falar das conclusões da auditoria.

Atacar em quatro frentes para combater o passivo

Em concreto, e perante um passivo consolidado de 375 milhões de euros no Grupo Sporting, Godinho Lopes apresentou medidas que visam chegar a uma receita de 70 milhões de euros em 2014. Para isso a SAD aposta no aumento do número de sócios (vai ser lançada uma campanha em Abril/Junho, com o intuito de chegar aos 200 mil); nas verbas provenientes dos equipamentos; «naming» da Academia (o novo acordo com a Puma deixou de contemplar esta vertente) e os direitos televisivos (já negociados).

Este objectivo não será colocado em causa por um eventual afastamento da Liga dos Campeões, garante o presidente leonino, já que essa rubrica não foi incluída na estratégia, assim como possíveis receitas com a alienação de passes de jogadores.

O objectivo é «transformar um ciclo vicioso em ciclo virtuoso». «Quando aqui entrei tinha dois caminhos: um era reduzir os custos, o que traria uma consequente redução das receitas e diminuiria a prestação desportiva. Decidimos seguir uma linha oposta, que passava por criar condições para reunir um conjunto de jogadores com reconhecida qualidade individual e colectiva», explicou.

Godinho Lopes reconhece, por isso, que os «custos foram inflacionados de propósito». «Este ano haverá um prejuízo significativo, assim como no próximo». «Vamos deixar de ter buraco na tesouraria no terceiro ano», sustenta.

Pese embora a situação de «falência técnica», confirmada pela auditoria, o líder leonino garante que se mantém «o propósito de resgatar as VMOC (ndr. Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis) e recuperar a maioria da SAD» em 2016. Se um eventual investimento externo estiver dependente da perda deste estatuto, a decisão será colocado nas mãos dos sócios, tal como uma eventual alteração estatutária para permitir mandatos mais longos.

Questionado sobre eventuais problemas com despesas correntes, nomeadamente os salários, Godinho Lopes reconhece que «foi uma preocupação imediata». «Não havia dinheiro em caixa. É o nosso problema mês a mês», acrescenta.

Confrontado também com o efeito que a venda de percentagens de passes a fundos pode ter em receitas futuras, o presidente do Sporting explicou que «não havia 35 milhões para gastar jogadores». «A parceria já existia, e quando existe um parceiro são divididos os lucros e os prejuízos», afirmou.