O responsável pelo acto eleitoral do Sporting defende a transparência do processo. João Lino de Castro garantiu que nunca foi pedida uma recontagem dos votos. Rui Morgado, que foi delegado por Bruno de Carvalho na noite eleitoral e é membro da mesa da Assembleia Geral eleita, garante que falou em recontagem, mas não esclareceu se fez o pedido formal.

Numa longa conferência de imprensa, Lino de Castro explicou ainda a discrepância entre o número de votantes anunciados ao final do dia e os apurados na contagem final dos votos. Dizem os responsáveis pelo acto que aos números divulgados com base no sistema informático há que somar os de sócios que, numa fase inicial, não foram validados pelo sistema, mas puderam votar depois de regularizarem as suas situações.

«Antes da eleição, no fnal do dia, é elaborado um caderno eleitoral com as pessoas que têm capacidade eleitoral: sócio há 12 meses e quotas em dia. Nunca sabia qual era o universo de votantes, dependia de quantas pessoas fossem votar. Era possível ter tido 49 mil sócios em Alvalade a votar. Cada vez que chega um sócio que por qualquer razão não pode votar, é analisado. A mesa valida sempre as pessoas que podem votar», explicou Lino Castro, dando exemplo de figuras publicas, como Oceano ou Pedro Lynce, que estiveram nessa situação.

O responsável garante ainda que o número de sócios divulgado no site oficial do clube (14.205 votantes, contra os 14.619 para o Conselho Directivo que foram anunciados agora como oficiais pelo clube) não foi da sua responsabilidade: «Os números correctos só sabíamos nós depois de contar todos os votos. Antes disso só tenho estimativas. Falei sempre em estimativas.»

A presença de Godinho Lopes, o presidente eleito, no evento de hoje tinha sido anunciada, mas ao que explicou o seu director de comunicação, isso deveu-se a um erro de agenda. Estavam presentes, além Lino de Castro, António Terra da Mota, vice-presidente da AG, Nelson Fernandes e Sérgio Matias, «operacionais» do Sporting na noite das eleições. Foi dito que Eduardo Barroso, presidente eleito da Assembleia Geral, estava ao corrente da conferência, enquanto na assistência, como convidados, estavam representantes dos vários delegados.

Lino de Castro começou por dizer que todo o processo foi preparado com membros das outras candidaturas e que estavam presentes na noite eleitoral 60 delegados das várias sensibilidades. Garantiu que «durante o período de contagem de votos ninguém usou telemóvel» nem saiu informação cá para fora. E garantiu que não foi pedida recontagem. «Em qualquer momento podia ter sido requerida qualquer situação para ver se os votos estavam correctos, para qualquer recontagem.»

Quanto Lino de Castro terminou, pediu a palavra Rui Morgado, para dar uma versão diferente dos factos. «Eu falei na questão da recontagem. O doutor Lino de Castro disse-me que não era física e humanamente possível àquela hora. O seu vice-presidente disse que não estava prevista nos regulamentos, que mais tarde o doutor Bruno de Carvalho podia pedir a recontagem como meio de prova.» Perante isto, Lino de Castro respondeu que, se tivesse havido um pedido formal, o teria considerado, mas não houve. Rui Morgado, questionado por que não fez pedido formal, não quis acrescentar nada ao que tinha dito.

Rui Morgado levantou também questões sobre os votos. «Ainda dentro da sala constatámos que havia mais votantes apurados do que votos registados no sistema informático. Isso também está registado», afirmou. «O número de votantes carregados à entrada era diferente, para menos, do numero de votantes apurado. Foi perguntado se não iam somar os votantes dos cadernos eleitorais. Foi dito que não, porque o que contava era o computador.»

Rui Morgado também questionou o facto de não ter havido uma acta para assinar, ao que Lino de Castro explicou que os estatutos estipulam que seja feita em 48 horas a acta da Assembleia Geral eleitoral, assinada apenas pelos responsáveis da AG.