Paulo Pereira Cristóvão garante estar inocente dos crimes de que foi indiciado. O antigo vice presidente do Sporting nega ter burlado o clube, e deixa entender que o processo resulta da luta que travou contra poderes instituídos.

«Em nenhum momento desviei o que quer que fosse do Sporting, a meu favor ou a favor de terceiros. Em nenhum momento coordenei qualquer ação ilegal, no Sporting ou fora», garante o ex-dirigente, em entrevista à TVI. «Auferi zero no Sporting, em quinze meses. Direta ou indiretamente», reitera.

Pereira Cristóvão diz estar a ser vítima de um «assassinato público». «Sempre fui uma pessoa que fugia ao dirigente típico do Sporting. Também por isso me convidaram para uma lista. Em muitos momentos da minha passagem pelo clube tive oportunidade de confrontar gente, de despedir pessoas, de cessar contratos que estavam a lesar o Sporting. Atrevi-me a confrontar poderes instituídos», acrescenta. «Não é o Paulo Pereira Cristóvão que está em causa. É o Sporting», reitera.

O ex-«vice» leonino adianta ainda ter sido «colaborador ativo numa investigação de branqueamento de capitais por parte de dois conhecidos dirigentes do futebol português», e fala numa «troca de mails entre dois organismos públicos que mostram que há um grande clube português que não está em condições de abrir o estádio». «As cadeiras não preenchem os requisitos da Liga e da UEFA», sustenta.

Paulo Pereira Cristóvão contornou algumas perguntas, alegando que não podia violar o segredo de justiça, mas nega que as empresas que prestavam serviços ao Sporting fossem «fachada», e diz que os colegas de direção «tinham conhecimento dos contratos».

O ex-dirigente desmentiu ainda ter espiado a vida privada dos jogadores, incluindo a alegada relação entre Rui Patrício e a modelo Liliana Aguiar. «Estamos a falar de de proteção de ativos. Um clube que investe 42 milhões de euros em ativos não se acautela? Não é andar a perseguir jogadores. Temos de nos certificar que os jogadores têm o melhor acolhimento, que escolhem os melhores colégios para os filhos, que as esposas têm a melhor adaptação. O F.C. Porto faz isto, o Benfica também, e o Sp. Braga», sustenta.

Paulo Pereira Cristóvão foi ainda confrontado com uma notícia avançada pela TVI, que dá conta que a sua secretária pessoa foi também constituída arguida no processo, por alegado envolvimento na transferência bancária para a conta do árbitro assistente José Cardinal. A suspeita de denúncia caluniosa foi também negada: «Em nenhum momento mandei quem quer que fosse depositar dinheiro na conta de um árbitro, ou de quem quer que fosse», afirma.

A fechar, o ex-dirigente garantiu que não é o Sporting que está a pagar a sua defesa: «O Dr. Rogério Alves só tem um cliente. Sempre disse aos órgãos sociais que queria que fosse ele. Por ser meu amigo, por ser competente e por ser sportinguista. Numa primeira fase, o Sporting mostrou-se disponível para o fazer, mas eu não quis.»

Pereira Cristóvão reitera que se demitiu «para não arrastar o Sporting», mas garante contar com o apoio dos antigos colegas de direção: «Não tenho a mínima dúvida. Tenho a solidariedade deles, desde a primeira hora, mas não temos de andar de braço dado ou a fazer juras de amor.»

[artigo original: 22h02]