A figura: Van Wolfswinkel

Real ou imaginada, a polémica digital após o golo ao Genk acentuava a pressão sobre um ponta de lança que continua a dividir opiniões em Alvalade. Também por isso, a simplicidade com que desbloqueou o jogo, na primeira ocasião de que dispôs, foi um fortíssimo reforço de confiança na equipa. Repetindo o hábito de ser feliz diante do Sp. Braga (lembram-se do hat-trick, em maio?) assinou uma primeira parte quase perfeita, desmarcando-se, dando linhas de passe aos companheiros, e roubando diversas bolas aos centrais bracarenses e a Djamal, para intranquilizar o adversário. Caiu após o intervalo, como toda a equipa, mas deu a melhor das respostas às críticas. Não fosse por receios de mal entendidos e poderia dizer-se que esta vitória teve o dedo do holandês. Assim sendo, é melhor não o fazer.

O momento: ligar o descomplicador

Os maus resultados recentes pesavam como chumbo, e o remate de Alan aos 40 segundos podia contribuir para aumentar os fantasmas na cabeça coletiva do leão. Mas, aos 4 minutos, o lance mais básico num jogo de futebol serviu para o leão simplificar a vida. Foi num lançamento lateral que o estreante Dier efetuou, recebeu de volta e pôs de imediato na área, para a movimentação em diagonal de Van Wolfswinkel e desvio de primeira com a ponta do pé. E foi como se uma tonelada tivesse saído dos ombros do leão.

Outros destaques:

Dier

Solução de recurso, face às baixas de Cédric e Pereirinha, foi opção lúcida e nada óbvia de Vercauteren, e tornou-se mais um a ligar o descomplicador do leão: simplicidade de processos absoluta e equilíbrio posicional que nunca se perdeu. Peseiro pôs Alan no seu corredor mas, à exceção do primeiro lance do jogo, nunca o Sp. Braga tirou vantagem dessa aposta. E o passe para o golo de Van Wolfswinkel, logo aos 4 minutos, deu-lhe asas para uma exibição segura no resto do tempo, mesmo com um amarelo pelo meio e perante um Hélder Barbosa mais ameaçador.

Rui Patrício

Menos em jogo do que nos últimos tempos, por força de um maior acerto defensivo dos companheiros até aos minutos finais, nem por isso foi menos decisivo: três defesas de altíssimo nível, perante cabeçada de Éder (17 m), bomba de Hugo Viana e, principalmente, um desvio à queima roupa de Douglão (89 m) permitiram-lhe afirmar-se novamente como primeira referência de qualidade da equipa. E nos descontos ainda teve aquela ajuda do poste direito, mas a sorte costuma proteger quem a procura.

Pranjic

Uma opção interessante para a posição 10, não tanto pela capacidade de chegada à área, algo limitada (como se viu num lance em que foi isolado por Van Wolfsweinkel mas se deixou alcançar por Salino) mas sim pela boa visão de jogo, e pela capacidade de pressionar defensivamente. Foi um dos responsáveis pelo curto-circuito na circulação de bola minhota na primeira parte, retirando protagonismo a Hugo Viana e Micael e obrigando os centrais e Djamal a assumir mais responsabilidades e um jogo mais direto. O seu eclipse, e posterior saída, coincidiu com a perda do meio-campo por parte do Sporting.

Beto

Se o Sp. Braga entrou na segunda parte em condições de discutir o jogo, em grande parte o deve ao seu guarda-redes. Nada abalado pelo passo em falso diante do Man. United e pelo golo a frio logo a abrir, foi determinante ao ganhar duelos cara a cara, com Van Wolfswinkel (28 m), Elias (36 m) e Capel (61 m) e a anular remates de Labyad (77 m) e Elias (81 m).

Hélder Barbosa e Mossorío

Substituições que coincidiram com o melhor momento do Sp. Braga e que devolveram a Alvalade as habituais inquietações, depois de uma primeira parte em que o leão praticamente só viveu minutos tranquilos.