Já parecia o destino provável, mas agora está praticamente consumado. Só mesmo a matemática pode colocar um ponto de interrogação na classificação final do Sporting. O quarto lugar será a herança de Carlos Carvalhal, técnico que teve uma noite feliz diante do Vitória de Setúbal (2-1).

A equipa sadina chegou à vantagem muito cedo, e chegou a sonhar com três pontos que deixavam a permanência praticamente carimbada. Manuel Fernandes montou bem a teia, para o regresso a Alvalade, mas Carvalhal esteve à altura do ídolo de infância. O técnico leonino soube identificar as necessidades da equipa, e lançou as bases da reviravolta.

A ironia de ter gente a mais na frente

As equipas ditas «pequenas» têm, em regra, duas formas de enganar as ditas «grandes». Ou exploram o contra-ataque, ou aproveitam os lances de bola parada. O Sporting deixou-se iludir pela segunda fórmula, quando o jogo tinha apenas 11 minutos. A defesa à zona saiu furada, e Collin voou mais alto na resposta ao canto de Neca, para a conclusão.

Carvalhal escolheu um «onze» ofensivo, com Veloso a lateral esquerdo, Yannick e Izmailov nas alas e Saleiro ao lado de Liedson. Mas surpreendentemente, a entrada em campo foi algo nervosa, sobretudo no sector mais recuado. O golo sadino não ajudou. Os «leões» procuraram reagir, mas não o fizeram da melhor forma. O quarteto defensivo trocava a bola com natural facilidade, tal como Pedro Mendes, mas depois surgia uma teia apertada. Os cinco elementos mais adiantados estavam longe da circulação de bola, embrulhados na bem montada teia sadina. O Sporting procurava as alas, mas os cruzamentos encontravam uma defesa fortíssima no jogo aéreo. Collin, Ricardo Silva, André Pinto e até Sandro e Djikiné dominam nas alturas.

Por irónico que pareça, o Sporting tinha unidades a mais no ataque. Ou pelo menos tinha jogadores a menos na zona de construção de jogo. Carvalhal percebeu-o, e ao intervalo trocou Yannick por Matías Fernandez.

O trunfo inesperado

O Sporting melhorou, ainda que de forma pouco esclarecida. O primeiro sinal foi um grande passe de Izmailov, a isolar Saleiro, que permitiu a defesa de Nuno Santos (57m). Três minutos depois surgiu o empate. Collin deitou por terrra a vantagem que ele próprio tinha garantido, ao cometer uma grande penalidade escusada, sobre Saleiro. Moutinho converteu.

Carvalhal foi feliz nas substituições. O perspicaz reforço do meio-campo teve seguimento. Aos 69 minutos, o técnico leonino trocou Saleiro por Postiga. Na primeira vez que tocou na bola, o camisola 23 fez o 2-1. Primeiro golo da época! Não marcava desde 25 de Abril de 2009. Há quase um ano!

O triunfo inesperado valeu um triunfo que deixa o quarto lugar praticamente garantido. Em termos classificativos seria difícil pedir mais a Carvalhal. Os pontos são outra discussão.