Em outubro de 1994 o futebol português ganhava projeção internacional, Paulo Sousa, Rui Costa e Fernando Couto, por exemplo, tinham saído para a Liga Italiana, mas a verdade é que Paulo Futre... ainda era Paulo Futre: um nome acima de todos os outros.

Ora exatamente por isso, a existência de um novo Futre nas camadas de formação do Sporting despertava muita curiosidade entre os adeptos.

Até porque este novo tinha também os genes do antigo: afinal de contas era sobrinho e, quem sabe, o talento não poderia ser uma questão de hereditariedade.

A TVI foi, portanto, conhecer Artur Futre, um miúdo de 12 anos que jogava nos infantis e de quem toda a gente falava. Era treinado por Osvaldo Silva, que curiosamente também tinha treinado o próprio Paulo Futre e que via algumas semelhanças entre os dois.

«Uma das virtudes do Futre era a alegria de jogar. Este aqui já é um bocadinho tímido e mesmo com a habilidade dele não transmite tanto isso. Mas tem habilidade e sabe jogar à bola, sim.»

Eram tudo razões mais do que suficientes para colocar o miúdo ao lado dos craques de Alvalade: ao lado de Figo, Peixe, Marco Aurélio, Carlos Xavier, enfim.

Artur Futre mostrou então tudo o que era capaz de fazer: apresentou uma ou outra finta, exibiu um remate colocado, deixou Marco Aurélio preso ao chão e tornou-se testemunha de que Emílio Peixe tomou a decisão correta quando decidiu ser médio... e não guarda-redes.

A verdade, porém, é que Artur Futre nunca conseguiu confirmar tudo o que prometia. Apesar de ter qualidade técnica, acabou por ser dispensado do Sporting aos 15 anos, foi para o V. Setúbal, onde também não se afirmou, e acabou por se mudar para o Samouquense.

Já com idade de júnior, mudou-se para o Alverca e conseguiu algo grandioso: ser campeão nacional de juniores, numa equipa que tinha também Amoreirinha e Falardo. A partir daí conseguiu integrar o plantel sénior que ficou em segundo lugar e subiu à Liga, foi até comprado pelo Benfica, mas nunca integrou nenhum plantel encarnado.

Andou de empréstimo em empréstimo e terminou a carreira, com apenas 28 anos, no Olímpico de Montijo, após quatro épocas nos distritais. Pendurou as botas com apenas 19 jogos na Liga.

Ele que em 1994 era visto como a próxima grande promessa do futebol do Sporting, foi treinar com o plantel principal e até conheceu as entradas de carrinho de Peixe.

Um clássico, portanto.

Curiosamente na equipa de infantis de Artur Futre jogava um outro avançado que deu mais que falar. Foi internacional sub-21, esteve em dois Europeus da categoria e nos Jogos Olímpicos de Atenas, mas viveu o momento alto quando se estreou na equipa principal do Sporting.

Também aparece nesta reportagem da TVI, consegue identificá-lo?

«Máquina do tempo» é uma rubrica do Maisfutebol que viaja ao passado, através do arquivo da TVI, para recuperar histórias curiosas ou marcantes dos últimos 30 anos do futebol português.