Na longa entrevista ao Record, cuja segunda parte é publicada esta sexta-feira, Bruno Fernandes fala sobre o incidente do pontapé na porta no Estádio do Bessa.

Questionado sobre se ficou magoado com o Boavista pela divulgação das imagens, o médio do Sporting respondeu: «Fiquei magoado, obviamente. Falei com muita gente dentro do Boavista porque não ficou nada escrito no relatório. O Boavista sabia que tinha sido eu a partir a porta e disse que não se iria escrever nada no relatório, porque não faria sentido, era um momento normal, do calor do jogo. Foi essa a mensagem que passaram. E depois as imagens saem cá para fora.»

«As pessoas com quem eu falei do Boavista dizem que não foram elas, que não foi o Boavista, porque quem tem acesso é a [empresa de] CCTV», adiantou.

«O que mais me magoa é a Liga. As imagens saem quando não podem sair porque isso não é permitido [por lei] e a Liga nada faz», frisou Bruno Fernandes. «Acho que é nestes momentos que a Liga tem de agir», disse ainda o jogador, acrescentando: «Isto não é mau só para mim, é mau para o futebol português.»

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Outro dos temas polémicos que o médio do Sporting abordou foi o dos áudios que foram tornados públicos onde se ouve Bruno Fernandes a criticar os colegas de equipa. «Fiz questão de esclarecer o que estava naqueles áudios, principalmente aos [companheiros] mais velhos. Mostrar o que estava para detrás porque, obviamente, vieram a público os que interessavam e não os outros.»

«Esses áudios nunca foram um problema dentro do balneário. Expliquei aquelas palavras e a que eram devidas e ficou resolvido», disse ainda, garantindo: «Aquelas palavras dos áudios foram as que eu disse no balneário [no fim do jogo].»

O internacional português disse ainda que se sente um alvo a abater. «Há muita gente com interesse em abater-me», afirmou, lembrando que no ano passado o comparavam com João Félix e este ano com Pizzi. «Todos os anos há algo que tentam fazer para ver se o Bruno tem um rendimento menor. E, estranhamente, é quando o Bruno dá uma resposta ainda maior», apontou.

«Vieram os áudios e eu continuei a marcar, a assistir, a aumentar os meus números. Depois de tudo o que se falou, o arranque deste ano foi muito melhor do que o do ano anterior», frisou Bruno Fernandes.

O jogador disse ainda que o início do julgamento do ataque à Academia de Alcochete está a afetar a equipa. «Esta tem sido uma época complicada também por causa disso. Reviver todos os momentos, lembrar tudo ao pormenor… Ter de ir a tribunal nunca é fácil.»

«Eu estive três horas à espera que o Ristovski acabasse o depoimento dele para fazer o meu. Aquelas três horas, fechado num espaço minúsculo a rebobinar tudo, mexem, cansam e desconcentram. Estamos com isso e não estamos a pensar no jogo», apontou Bruno Fernandes.