Nem Ruben Amorim, nem Sérgio Conceição. Frederico Varandas, presidente do Sporting, foi o único elemento a comparecer na conferência de imprensa após a vitória sobre o FC Porto por 2-1 nas meias-finais da Taça da Liga.

O presidente dos leões abordou a polémica recente com Nuno Mendes e Sporar, jogadores que testaram positivo antes do passado jogo da Liga com o Rio Ave, mas cujos testes posteriores (dois externos e outros dois levados a cabo pelo clube de Alvalade) descartaram a existência do vírus.

Varandas começou por fazer o enquadramento cronológico dos casos dos dois jogadores, que disse serem diferentes pelo facto de o teste positivo a Nuno Mendes nunca ter sido comunicado ao SINAVE (Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica) pela Unilabs, laboratório responsável pelo teste.

«Com o número de testes a aumentar diariamente, os falsos positivos acontecem com outros cidadãos», afirmou, referindo que a percentagem de falsos positivos são de apenas um por cento. «Mas dentro de muitos azares, existem coisas estranhas e não é que a delegada da autoridade regional de saúde vai para libertar os jogadores do SINAVE, a autoridade geral de saúde deteta que o Nuno Mendes nem sequer esteve inscrito no SINAVE. Ou seja, temos um laboratório que assume que houve um falso positivo e nem sequer inscreveu um jogador no SINAVE. Por isso, não houve razão alguma para o Nuno Mendes não ter podido jogar ou sido convocado no jogo Sporting-Rio Ave, ao contrário do Sporar, que tinha um falso positivo mas tinha sido registado no SINAVE.»

O presidente do Sporting referiu que esta foi a primeira vez desde agosto que os resultados dos testes à covid-19 levados a cabo internamente pelo clube não batem certo com os testes PCR exigidos pela Liga e que são realizados pela referida empresa. «Recebemos a notificação, respeitámos essa notificação, os jogadores ficaram privados de desempenhar a sua função. Nos dois dias seguintes, os mesmos jogadores repetiram mais dois testes PCR em laboratórios diferentes e mais dois testes de antigénio internos: sempre negativos. Eu sou médico e posso afirmar inequivocamente que os jogadores não têm covid», apontou.

Frederico Varandas disse ainda que, após os resultados negativos desses testes, o Sporting entrou em contacto com o diretor-clínico da Unilabs, Maia Gonçalves. «Ficou também preocupado com a situação, foi enviada toda a documentação e o diretor-clínico respondeu que se tratavam de falsos positivos e que estava disponível para enviar documentação a comprová-lo», disse, mencionando que essa era uma das exigências da autoridade regional de saúde para libertar os jogadores. «Remetemos toda a documentação e a autoridade regional de saúde afirmou tranquilamente que o caso estava resolvido e que os jogadores podiam treinar no dia a seguir.»

Segundo o dirigente, Nuno Mendes, que na segunda-feira (cinco dias depois do teste positivo) e três depois do jogo com o Rio Ave, ainda não tinha registo no SINAVE, e Sporar foram libertados para ir a jogo com o FC Porto. Só que a situação complicou-se esta terça-feira. «Hoje de manhã, o documento que era necessário, onde o laboratório afirmava que havia falsos positivos, já não chegava para a DGS. Ao contrário da opinião da autoridade regional de saúde. Queriam que o laboratório emitisse um documento a dizer que o laboratório dissesse, além dos falsos positivos, que houve um erro. E então a autoridade regional de saúde enviou um email às 13h30 de hoje para o laboratório, a pedir-lhe para mudar o conteúdo: de falso positivo para erro laboratorial. Ainda não houve resposta do laboratório», apontou.

Frederico Varandas comunicou ainda que o Sporting vai avançar com uma queixa para a Ordem dos Médicos do diretor-clínico da Unilabs. «Com grande perplexidade, li que ele disse que não havia problema nenhum, que não sabia o que se passava e que nem sequer tinha sido contactado», disse, garantindo ter na posse um email enviado pelo responsável do laboratório.