Bruno de Carvalho, presidente do Sporting, revelou que os leões preparam uma queixa contra a Doyen no Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) e sublinhou, em entrevista à TV do clube, nesta quinta-feira, que a chegada de Nani para os leões, por empréstimo do Manchester United, é um negócio à parte em relação ao que envolveu a transferência de Rojo para o clube inglês.

O dirigente garante que o clube já tinha tentado o empréstimo do internacional português em dezembro de 2013: «Já tudo estava tratado com Nani e ainda estava o Rojo a fazer exames. Se o Rojo tivesse falhado os exames com o Man. United, o Nani estaria cá na mesma. Desde dezembro, o Nani tinha essa vontade de vir para cá e disse que não a outros nomes sonantes do futebol, vindo para casa», garantiu o dirigente leonino, que referiu: «Tenho visto erros graves serem cometidos. São dois negócios distintos. Um é a venda de Rojo e outro o empréstimo de Nani», sublinhou.

Recorde-se que na oficialização da transferência de Rojo o próprio Manchester United se referiu a um único negócio, no seu site e nas suas contas das redes sociais:



Na extensa entrevista à Sporting TV, Bruno de Carvalho admite que vê a chegada de Nani como um ponto de viragem na estratégia do clube: «A chegada de um jogador da formação, um dos melhores do Mundo na sua posição, que teve convites de grandes clubes europeus, que decide dar uma prova de confiança a esta direção, abdicando de parte do salário para vir para o Sporting... isto não é diferente? É uma mudança clara na estratégia do Sporting», sublinhou.

Em relação às saídas de Marcos Rojo e Eric Dier, Bruno de Carvalho deixou uma porta aberta a reconciliação. Em relação a Rojo reiterou críticas mas lembrou o seu passado em Alvalade: «Não é pelo facto do negócio se ter feito que mudo as minhas opiniões. O jogador agiu mal, muito mal. Uma coisa é o seu pedido formal de desculpas ao clube, que o fez, e outra coisa é aos sportinguistas. Devemos ser pragmáticos mas devemos olhar para as situações. Rojo sempre demonstrou amor ao clube, mas não significa que o que ele fez não tenha sido mau», resumiu.

Quanto à saída de Dier, o dirigente do Sporting foi objetivo: «O meu desejo é de que tenha sucesso. Ele tinha uma cláusula muito concreta, estávamos a negociar e tive a noção, a certa altura, de que a renovação estava muito perto. Houve um volte-face e depois, ou acompanhávamos a proposta de salário ou deixávamo-lo sair. A sua pretensão era sair. Aquilo que acreditava que poderia acontecer - o Dier tornar-se num central titular do Sporting - não sucedeu», começou por dizer, acrescentando: «Se o Dier perceber a forma como fez as coisas, estarei perfeitamente preparado para perdoar aquele que foi um filho da casa».

Queixa no TAS contra a Doyen

Bruno de Carvalho mostrou-se ainda confiante no desfecho do litígio legal com o fundo Doyen, a propósito da transferência de Rojo: «Estes contratos são abusivos dos direitos do Sporting e entendemos levar a cabo a resolução dos mesmos. Os direitos económicos de Rojo e Labyad voltaram para o Sporting. Consideramos que os contratos são nulos e vamos restituir os valores aplicado nas transferências. Acreditamos que nos vão dar razão, e relembro o caso Bruma, em que disseram que o Sporting venceu porque não teve medo de enfrentar um problema. Temos a forte convicção de que nos irá ser dada razão. Estamos a terminar uma queixa ao TAS com uma exposição à UEFA e FIFA porque este assunto lhes interessa», resumiu, acrescentando que o clube se mantém disponível para trabalhar com agentes: «Quem respeita o Sporting e tiver uma noção de que o trabalho do agente é criar sinergias benéficas para ambas as partes, trabalha bem com o Sporting. Quem não a tiver, não trabalha. Não fazemos perseguições», concluiu.

O dirigente rejeitou ainda qualquer mal-estar com William Carvalho, depois da expulsão em Coimbra, numa altura em que se fala de uma eventual saída para o futebol inglês: «William é um excelente profissional que nunca deu razão de queixas. Está connosco de corpo e alma. Algumas insinuações são insultuosas e totalmente falsas», frisou, sem fechar totalmente a porta a uma saída: «Não digo que não possa acontecer, mas continua a não haver proposta pelo William. Se quiséssemos fazer a venda, já a teríamos feito», garantiu.

Reiterando que vê o Sporting como «um clube formador por excelência, que deve fazer uma aposta na sua formação», o dirigente garante que «a direção não abandonou nenhuma ideia» e que a aposta «é para ser continuada», embora ressalve: «Não vamos deixar de ir ao mercado buscar jovens que são uma mais-valia», salvaguardou.

Acerca das eleições para a Liga, Bruno de Carvalho deixou a posição dos leões: «Esperemos que seja feito um novo ato eleitoral. Espero que não existe uma mera repetição. O futebol português está à beira de dar um passo definitivo e há uma atração tremenda para o abismo», frisou.