Ezequiel Schelotto cumpre a terceira temporada no Brighton, de Inglaterra, depois de deixar o Sporting. O lateral direito, que foi titularíssimo com Jorge Jesus, nos melhores anos recentes da formação leonina, olha para o que ficou dessa fase com o distanciamento necessário.

Nesta segunda parte da entrevista, Schelotto conta que ficou muito amigo de José Mourinho, mesmo que nunca tenham estado na mesma equipa. Tudo começou uma vez que o lateral queria fazer um lançamento rápido e o treinador português não o deixou, a partir daí criaram o hábito de conversar sobre tudo.

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Em Inglaterra teve oportunidade de conhecer um treinador português de quem gosta muito, não é?
Sim, o Mourinho. Tenho uma boa relação com ele. Nunca treinámos juntos, nunca jogámos juntos, sempre o conheci como adversário, mas há uma admiração mútua. Tudo começou num jogo do Brighton com o Manchester United. A bola saiu fora e eu queria fazer o lançamento rápido, que foi uma das coisas que me ensinou o Jorge Jesus: se fizermos o lançamento rápido, os adversários não estão tão concentrados. Então ia pegar na bola, o Mourinho agarrou-a e não ma queria dar. Começámos a brincar e desde aí, sempre que nos defrontamos, ele vem, abraça-me e falámos um pouco, do futebol, da vida, do tempo, de tudo. É uma pessoa que gostaria de ter como treinador. Ganhou tudo, mas mantém a humildade. Quer dizer, ele vem falar comigo, percebem? Eu é que devia ir ter com ele e pedir-lhe se podia falar com ele. Mas não, é ao contrário. Admiro-o muito.

Gosta deste tipo de pessoas que nunca ignoram os mental games?
Eu gosto muito de dificuldades. É quando é mais fácil transmitir boas energias. Se tiver um treinador tranquilo e que não se mexe, para mim não serve. Por isso digo que para mim foi fácil trabalhar com Jorge Jesus. Para outros jogadores se calhar é difícil, porque não são fortes mentalmente. Mas para mim foi ótimo. Gosto de quem me desafia. Por isso gosto de Jesus, de Mourinho, de Conte. Têm um carácter difícil. Querem ganhar, não importa de que maneira. E eu gosto disso, porque também gosto de ganhar, não importa de que maneira.

Pegando numa pergunta de Mourinho: como está em Inglaterra?
Estou bem. Estou tranquilo, estou na melhor liga do mundo, estou a jogar contra as melhores equipas do mundo e os melhores jogadores do mundo. Brighton é uma cidade pequena. É a terceira época aqui, nas duas primeiras joguei muito, depois tive uma lesão e fiquei oito meses de fora, mas estou outra vez bem, estou melhor do que antes. Tenho 30 anos e ainda posso dar muito. Esta liga é muito boa, porque as equipas inglesas gostam de jogar com jogadores rápidos e ofensivos, o que me favorece. Estou a gostar de Inglaterra e a minha família também.

Só tem 30 anos, mas acha que um dia ainda vai olhar para trás com orgulho?
Acho que construi uma carreira muito boa. Podia ter feito melhor, muito melhor, mas não posso mudar o que já aconteceu. O passado ensinou-me a crescer como pessoa e a melhorar como jogador. Mas a verdade é que joguei com grandes jogadores, fui treinador por grandes treinadores, joguei num grande clube como o Sporting, joguei em grandes ligas, fui à seleção italiana, estive perto de ir à seleção argentina quando estive no Sporting, por isso tenho de estar orgulhoso. Mas só tenho 30 anos, estou na melhor fase da minha vida e ainda tenho um futuro pela frente.