1. Diagonal de Marega abriu o marcador

Sporting e Porto iniciaram o jogo com onzes iniciais dentro do esperado e nas estruturas que tem utilizado nos jogos mais recentes. Apesar da dúvida inicial, Danilo acabou por jogar ao lado de Uribe, a dupla mais usual do FC Porto ao longo do campeonato. 

Nakajima jogou nas costas de Soares e com muita mobilidade. Marega partiu de posições mais exteriores, desta vez jogando sobre o lado esquerdo. Seria, aliás, deste posicionamento que a equipa aproveitaria para inaugurar o marcador nos minutos iniciais.

O Sporting surgiu com a sua linha habitual de quatro defesas, depois com muita mobilidade entre médios, mas com Wendel e Doumbia numa linha mais próxima, e Bruno Fernandes mais adiantado.

Ambas as equipas com estruturas defensivas similares, tentando formar duas linhas de quatro e uma linha de dois (formada pelo avançado e pelo médio ofensivo), embora com diferenças na forma de exercer pressão.

O FC Porto entrou forte em termos de pressão e tentou levar o jogo para o meio campo adversário, sendo que um ataque à profundidade de Marega deu origem ao primeiro golo. A diferença em relação à utilização de Marega na esquerda (e não no corredor central) foi a realização de movimentos diagonais de fora para dentro para receber no espaço, ao passo que quando usado no corredor central os movimentos são mais verticais.

O FC Porto conseguiu tirar vantagem desta nuance estratégica, num lance em que a linha defensiva do Sporting ajusta mal e de forma descoordenada, com Mathieu a baixar para tirar espaço nas costas enquanto que os restantes elementos se mantiveram numa linha mais alta, um comportamento displicente.

2. A pressão do Sporting que levou ao empate

O processo ofensivo do Sporting passou por laterais altos e alas posicionados no espaço interior, próximos de Bruno Fernandes e Luiz Phellype, dando os corredores aos laterais. Muitas vezes fazendo baixar Doumbia para o meio dos centrais, ou baixando Wendel para o lado esquerdo, formando uma linha de três para superar a primeira linha de pressão do FC Porto, composta por Nakajima e Soares.

Embora com o bloco alto, o FC Porto dava espaço para que existisse alguma circulação de bola pela linha defensiva adversaria. A primeira linha de pressão era mais posicional e fechava o espaço central, definindo bem os timings de saltar a pressionar. Os médios também jogavam altos e estavam prontos a saltar na pressão caso a bola entrasse nos médios do Sporting.

Já o Sporting, com a construção a três, tentava circular para contornar a tal linha de dois, para depois conseguir que um dos centrais ligasse jogo. Com muitos jogadores no corredor central, esperava-se que conseguisse mais jogo interior, contudo poucas vezes conseguiu ligar por dentro.

As chegadas ao último terço foram, por isso, mais vezes por fora, nos laterais projetados, em jogo direto para o avançado ou em movimentos à profundidade de Bruno Fernandes. Contudo, pouco critério e qualidade no último terço com muita dificuldade em manter a bola e criar situações.  

O FC Porto - com Nakakima e Octávio (este partindo da direita, mas movendo-se para dentro) no espaço central, Soares a receber bola longa e Marega a fazer diagonais na profundidade - teve mais dificuldades na primeira fase de construção, devido à pressão mais alta do Sporting, que levaria mesmo ao golo do empate. Por isso aparecia com mais qualidade quando Nakajima conseguia ter a bola, segurando, pausando o jogo, procurando colegas para se ligar e avançar em apoios.  

Estrategicamente o Sporting optou por uma pressão mais intensa à primeira fase de construção do Porto, fazendo sempre saltar alguém a pressionar o portador da bola. Além disso, perante o passe atrasado ao guarda-redes, saía sempre alguém a condicionar para obrigar a jogar longo. Assim os defesas do FC Porto nunca estiverem confortáveis e tiveram dificuldades em ligar jogo de forma curta.

Desta forma o Sporting conseguiu começar a ganhar mais bolas e levar o jogo para o meio campo adversário, acabando por empatar após a conquista de uma bola numa pressão alta e em que Marchesín tentou jogar mais longo com a equipa aberta, permitindo ao adversário conquistar a bola e aproveitar os espaços. A primeira parte terminava equilibrada, com muito jogo no meio campo e longe das balizas, com pouca fluidez, muitas faltas, muitos passes errados, poucas oportunidades e pouca «nota artística».

3. Pouca eficácia na finalização no início da segunda parte 

A segunda parte começou sem grandes alterações nas estruturas e estratégias, mas com uma alteração da dinâmica de jogo: mais partido, equipas a chegarem mais facilmente junto das áreas do adversário e um pouco mais de fluidez nas ações ofensivas, com mais critério e maior capacidade para manter a bola no meio campo ofensivo, mas com o Sporting a mostrar melhor capacidade ofensiva e a criar várias situações de golo.

Por um lado, mantendo a pressão alta, quase marcando outra vez após boa pressão (bola ao poste de Vietto). Por outro lado, com maior facilidade de superar a primeira linha de pressão do FC Porto e de chegar com mais gente ao último terço, principalmente aproveitando o seu lado esquerdo, onde Acuña manteve um posicionamento ofensivo muito alto, bem aproveitado pela equipa para criar situações de golo. O Sporting esteve assim melhor nas ligações e dinâmicas, teve mais critério e segurança e maior qualidade nas ações ofensivas, embora nem sempre tenha conseguido finalizar.

4. A substituição que mudou o jogo

Perante as dificuldades em condicionar a primeira fase de construção do Sporting e em fechar o seu corredor direito, Sérgio Conceição tirou Nakajima e fez entrar Luis Diaz para a esquerda, desviou Otávio para o corredor central de forma a tentar equilibrar a pressão no meio e colocou Marega na direita para defender e limitar as subidas do Acuña. Desta forma conseguiu controlar melhor o processo ofensivo do adversário e pouco depois numa bola parada chegou à vantagem.  

A partir daqui tentou controlar a partida e aproveitar os erros do Sporting, que tentou dar mais profundidade no corredor direito e baixar Bruno Fernandes para uma zona mais de construção para lançar jogo. No entanto o encontro já se tinha transformado numa coisa mais emocional e com pouco critério, do que organizada, pelo que o FC Porto aproveitou para baixar linhas e juntar o bloco.