A academia do Sporting é o principal destaque da mais recente edição da revista francesa Vestiaires, que mostrou, numa reportagem de 20 páginas, como se trabalha na formação dos leões.

Ao longo das últimas décadas, ainda antes da abertura do centro de treinos de Alcochete que hoje tem o nome de Academia Cristiano Ronaldo, foram muitos os jogadores de nível internacional saídos da forja do clube de Alvalade. E muitos deles extremos, como Paulo Futre, Luís Figo, Cristiano Ronaldo, Ricardo Quaresma, Nani, entre outros. Mas o que tem diferenciado o Sporting de outros clubes neste aspeto?

«Os sócios sempre gostaram de dribladores, porque eles encarnam a identidade do Sporting. É preciso acreditar que está nos nossos genes uma certa ideia de esteticismo e de espetáculo.» O Sporting tem dos melhores números 7 e 11 da história do futebol. Ao contrário da posição 9, por exemplo, em que somos menos eficientes», reconheceu Paulo Gomes, diretor-geral da Academia.

O responsável pela formação dos leões assumiu que o clube olha de forma especial para jovens com essas características e explicou como os desenvolve. «A maioria dos jovens que nos interessam demonstra essa facilidade. Não os restringimos mesmo quando a iniciativa leva à perda da bola. Pelo contrário, encorajamo-los a desenvolver as suas habilidades naturais. Hoje é ainda mais essencial, porque já não podemos contar com o futebol de rua que habitualmente fazia emergir naturalmente jogadores muito fortes num um contra um», destacou.

«A criatividade é o coração do nosso sistema de treino. Quando uma criança mostra talento nesse âmbito, não procuramos mudá-la, mas sim fazer tudo para que consiga expressar as suas qualidade inatas», concordou Tomaz Morais, diretor do futebol de formação do Sporting.

São muitos os clubes que procuram moldar os jovens em função do sistema de jogo da equipa principal, procurando que a ideologia no patamar sénior e na formação seja concertada. Tomaz Morais disse que isso não acontece no clube leonino e explicou porquê: «O nosso modelo de jovens não depende da organização de jogo da equipa principal. Não formações jogadores para o 4x3x3 ou o 4x4x2, mas sim para jogarem futebol. Trata-se de bom senso, já que os treinadores à frente da equipa principal são passageiros e a academia fica. Hoje, com o treinador Ruben Amorim, a equipa profissional joga em 3x5x2. Mas amanhã? Por outro lado, é preciso assegurar uma continuidade tática que vá ao encontro dos interesse do clube e dos jogadores. A equipa B evoluiu na maioria das vezes de acordo com o sistema de jogo da primeira equipa. Da mesma forma que os sub-15 jogam de acordo com os sistemas aplicados nos sub-16 e sub-17», referiu.