Frederico Varandas classificou a reunião dos presidentes dos três grandes como um «momento histórico», mas o responsável pelo Sporting, em entrevista ao Canal 11, defende que os três grandes têm de ir mais longe na defesa da indústria do futebol e falou na necessidade de reduzir a Liga a dezasseis clubes e, a longo prazo, admitiu a centralização dos direitos de televisão.

«Foi infelizmente um momento histórico. Digo infelizmente por uma razão. Não tenho de ser amigo do presidente do FC Porto e do Benfica. Muito menos podemos esquecer as rivalidades, porque as rivalidades fazem parte do futebol, mas de um ponto de vista da indústria do futebol é uma loucura o Sporting, Benfica e FC Porto não estarem alinhados em pelo menos oitenta por cento da visão do futebol português», começou por dizer.

Entre as medidas urgentes defendias por Varandas está a redução do número de clubes na I Liga. «Acho que a I Liga tem de reduzir urgentemente para 16 equipas. Não é preciso play-off, mas as equipas têm de ser mais protegidas [em termos de calendário] e tem de se aumentar a competitividade do futebol português. Temos de ter menos equipas, mas com melhores condições. Temos de ter pessoas que queiram pagar um bilhete, mas que tenham uma cadeira no estádio onde não caia chuva, onde não haja agressões», referiu.

Varandas defendeu uma sintonia entre os grandes para reformar o futebol português em todas as vertentes. «Se os três grandes não estiveram alinhados neste diapasão, não se faz nenhuma reforma a sério do futebol português. Por muito boas intenções que tenham os presidentes da FPF e da Liga, se Sporting, Benfica e FC Porto não estiverem alinhados, como é que vamos valer mais? Não podemos ter violência. O futebol tem de ser das famílias. Temos de valer mais», insistiu.

Além disso, o presidente do Sporting também defende uma maior competitividade a nível europeu. «Temos e proteger as equipas que jogam nas competições europeias. Não podemos ter um calendário com 34 jornada onde há muito pouca competitividade nas últimas oito equipas. Com 34 jornadas, não faz sentido uma Taça da Liga. Vejo uma Taça da Liga se reduzirmos o campeonato para 16 equipas. Não tenho dúvidas que o Sporting ganha se o futebol português ganhar», acrescentou.

Nesse sentido, o presidente dos leões também defende a centralização dos direitos televisivos. «Não tenho dúvidas de que o futuro passa por aí. Até posso ceder parte das receitas da NOS porque se a liga portuguesa valorizar, ganhamos todos. Não acredito numa valorização do futebol português, sem uma valorização dos clubes ditos pequenos. Há estádios que têm de se modernizar. As condições para os espectadores têm de ser melhores. O primeiro passo passa por reduzir o número de equipas», destacou ainda.

O problema, nesta altura, é que os três grandes têm contratos válidos para os próximos sete anos. «Os contratos estão assinados, mas o futebol português tem de se preparar para essa centralização. Não é de hoje para amanhã que se faz tudo, mas temos de começar agora», insistiu.