Quatro avogados de arguidos do ataque à Academia do Sporting, em Alcochete, pediram nesta segunda-feira a nulidade da acusação por entenderem que existiram ilegalidades na recolhe de provas, durante as alegações finais do debate instrutório.

«O senhor juiz teria de destruir toda a prova e todo o processo», disse Carlos Melo Alves, advogado de Emanuel Calças, justificando que existiu «uma nítida ausência de controlo dos meios de obtenção de prova».

Já na passada quarta-feira, o mesmo advogado tinha apresentando um requerimento a solicitar a nulidade da prova, documento que foi depois subscrito por advogados de outros arguidos.

Para Carlos Melo Alves, «o Ministério Público deveria ter decidido se a investigação era da competência da Polícia Judiciária ou da GNR e depois deveria ter feito um despacho de delegação de competência».

Ainda assim, caso o tribunal considere «a prova imaculada», o mesmo advogado disse que devem ser retirados os crimes de invasão de local privado, de sequestro e de ameaça agravada.

Por sua vez, Amândio Madaleno, defensor de três arguidos, criticou o facto de «a acusação estar feita em bloco, estar mal feita e ser insuficiente», rebatendo o «crime de terrorismo», por considerar que este se insere num quadro bem mais grave.

Já Aníbal Pinto, que defende quatro arguidos, considerou quenão existem atos de terrorismo, mas sim de hooliganismo» e disse ao juiz Carlos Delca que «o que aconteceu em Alcochete é muito grave, mas não tem a gravidade que se quer fazer querer que tem».

Nesse sentido, o advogado referiu que «o inquérito foi baseado no terror» e criticou os «critérios subjetivos da procuradora Cândida Vilar para manter as medidas de coação», relembrando que «a claque já se tinha deslocado várias vezes a Alcochete para falar com os jogadores e com o treinador para pedirem empenho à equipa».

As alegações finais do debate instrutório, que tem decorrido no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, continuam durante a tarde desta segunda-feira com a argumentação de mais advogados de defesa.