Dois anos e dez meses depois de ter trocado o Benfica - de Jorge Jesus - pela Arábia Saudita, Bruno César reencontra o treinador. Em Alvalade.

No Estoril-Praia, Bruno César tem sido quase sempre o terceiro elemento do ataque, um extremo com liberdade no desenho tático de Fabiano Soares. 

Em Alvalade, porém, outras funções estão à sua espera. E se Bruno César passar a ser uma opção séria para lateral esquerdo?

À primeira vista, a questão até parece não fazer sentido. Mas faz. Basta recordar uma afirmação de Jorge Jesus, no momento em que Bruno César deixou o Benfica e rumou ao Al Ahli. Por esses dias, Jesus tentava fazer do Chuta Chuta o dono do lado esquerdo da defesa das águias.

«Se ele não tivesse saído, posso dizer-vos que hoje o lateral esquerdo titular do Benfica tinha sido o Bruno César e não o Melgarejo».

Nessa época de 2012/13, Bruno César perdera espaço no onze inicial e fizera apenas 16 jogos oficiais, metade a titular. Jorge Jesus olhava, ainda e sempre, com respeito para o brasileiro.

«O Bruno César teve espaço e no ano passado foi importante. Jogou muitas vezes. Este ano também era relevante. Temos 18/19 jogadores constantemente a rodar e ele fazia parte desse lote. Estava até a tentar adaptá-lo a outra posição. Podia ser um oito, um onze ou até defesa esquerdo», afirmou Jesus após um triunfo em Moreira de Cónegos.

Em entrevista ao Maisfutebol, já na Arábia Saudita, Bruno César recordou com carinho os dias de águia ao peito. E elogiou, na altura, a evolução do Sporting. Curioso.

«Vi o resumo do jogo em Alvalade, o empate pareceu-me bem. O Sporting tem estado bem, mais forte do que muitos esperavam, mas o Benfica nesse jogo também mostrou coisas boas».

À sua assessoria, em maio de 2013, Bruno César teceu outro comentário presciente: «Se a direcção do Benfica não renovar contrato com Jorge Jesus vai cometer um erro histórico. Não vai conseguir contratar um treinador melhor do que Jorge Jesus. Foi um dos melhores treinadores que apanhei na minha carreira».

Bruno César insistiu e considerou que o Benfica se iria «arrepender» de deixar sair Jorge Jesus.

Em tom de presságio, o brasileiro já na altura deixou aberta a transferência para outro clube português, que não o Benfica.

«Regressar a Portugal é uma possibilidade que sempre encararei na minha carreira. Sou profissional e quero o melhor para mim e para a minha família. Se houver interesse de outro clube de Portugal e que seja um clube que lute por títulos, em Portugal e fora, não vou deitar fora essa oportunidade. Gosto do Benfica, mas isso não será suficiente para não jogar num rival, se houver interesse em contratar-me».

34 meses depois, Jorge Jesus e Bruno César podem elogiar-se mutuamente, olhos nos olhos.