Jorge Gonçalves chegou à presidência do Sporting em 1988, assumindo a liderança de um clube que ansiava por uma mudança de rumo. As muitas promessas que fez, porém, acabaram por se esgotar em apenas um ano.

O «bigodes», como ficou conhecido, venceu, com 62,7 por cento dos votos, uma das eleições mais concorridas da história do Sporting, a 24 de junho de 1988, apostando na campanha nas «unhas do leão», os reforços que garantiria trazer.

Antigo campeão de vela e despachante alfandegário, Jorge Gonçalves surgiu no universo leonino quando prometeu assumir a compra do passe do holandês Frank Rijkaard, mas o envolvimento da direção de Amado de Freitas, presidente na altura, acabou por fazer gorar o negócio.

Rijkaard, que chegou a surgir em Alvalade ao lado de Jorge Gonçalves, não foi inscrito a tempo e acabou por ser emprestado ao Saragoça, antes de ser vendido ao AC Milan, perante o desagrado do empresário, que acabaria por se candidatar à presidência.

Das «unhas» prometidas, chegaram Carlos Manuel, ex-jogador do Benfica, Rodolfo Rodríguez, Ricardo Rocha, Douglas, Silas e Eskilsson.

Por falta de quórum, a direção de Jorge Gonçalves acabaria por ser dissolvida a 18 de maio de 1989 pelo presidente da Assembleia Geral do Sporting.

O «bigodes» ainda se candidatou às eleições de junho desse ano, mas conseguiu pouco mais de 10 por cento dos votos, numas eleições ganhas por Sousa Cintra.

Pouco tempo depois, Jorge Gonçalves acabaria por ser detido pela Polícia Judiciária, por vários processos relacionados com dívidas, mas nunca chegou a ir a julgamento: mal foi libertado, fugiu para Angola, de onde era natural, defendendo-se com a impossibilidade de ser extraditado.

A partir de então viveu sempre em Angola, onde também foi detido, novamente pelo crime de dívidas, neste caso fiscais. Chegou a ser proibido de abandonar o país.

Nesta terça-feira foi encontrado morto num resort de luxo em Angola, aos 67 anos.