Ezequiel Schelotto cumpre a terceira temporada no Brighton, de Inglaterra, depois de deixar o Sporting. O lateral direito, que foi titularíssimo com Jorge Jesus, nos melhores anos recentes da formação leonina, olha para o que ficou dessa fase com o distanciamento necessário.

Nesta terceira parte da entrevista, Schelotto revela que foi vítima de um golpe em Portugal, perpetrado por italianos que se aproximaram dele e que o lateral pensava que eram seus amigos. Mas depois disso regressaram a Itália e deixaram o jogador com muitas dívidas em Lisboa.

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Ainda tem o restaurante que abriu em Lisboa?
Não, já não o tenho mais. Foi uma má decisão. Foi uma decisão que tomei pressionado, para poder ajudar outras pessoas, que depois fugiram e me fizeram muito mal a mim e à minha família. São pessoas a quem dei tudo, a quem abri a porta de minha casa e que me espetaram um punhal pelas costas. Depois de eu os ter ajudado fugiram para Itália e eu fiquei com muitas dívidas em Portugal. Agora já paguei tudo. Mas basta, não vou fazer outra igual.

Os jogadores têm de ter muito cuidado, não é?
Sim, e vou falar disto para ajudar quem vir a entrevista. Nós, jogadores, estamos num mundo em que quanto melhor estás, mais pessoas tens à tua volta. Quanto mais ganhas, mais pessoas te dizem que és o melhor. E não é assim. As pessoas que te dão palmadinhas nas costas e te dizem que és o melhor jogador do mundo, são pessoas falsas. Um jogador tem que estar rodeado de pessoas que, estando ele bem ou mal, lhe digam que tem de melhorar, como jogador e como pessoa. Aprendi que tenho de estar junto da minha família, da minha mulher, da minha filha. Aliás, agora que sou pai, estou muito melhor. Mas um jogador tem que se jogar de futebol. Não pode ser jogador de futebol e abrir um restaurante, não dá, é impossível. Quando não quiserem ser mais jogadores, podem fazer o que quiserem. Mas enquanto jogam futebol, têm que dar tudo, porque depois o futebol termina, não dura para toda a vida. Eu cometi um erro, mas aprendi. Quis ajudar outras pessoas que supostamente eram minhas amigas, para elas terem um trabalho, e elas me pagaram de outra forma. Mas a vida é assim. Deus sabe como sou pessoa. Agora terminou, vou olhar em frente.