Gyökeres. Gyökeres, Gyökeres, Gyökeres. É impossível começar um texto sobre as figuras do Sporting campeão sem falar dele. Mas a verdade é que há vários responsáveis por este título. Tantos, aliás, que não cabem numa lista de cinco nomes.

É justo, por exemplo, mencionar Eduardo Quaresma, fundamental por aquele golaço frente ao Gil Vicente, que no fim das contas fez a diferença. É justo também mencionar Rui Silva, o homem que trouxe à baliza a tranquilidade que não tinha desde Adán.

Mas há mais. Debast também merecia uma menção, ele que se reinventou como médio defensivo e segurou a zona central numa fase muito dura. E claro, Geny Catamo, que voltou a marcar ao Benfica, no triunfo provavelmente mais importante da temporada leonina.

Nenhum destes cabe numa lista de cinco figuras, mas mereciam.

1. Gyökeres: o homem da máscara

O Sporting gastou mais do que nunca para garantir Gyökeres, mas o sueco valeu cada cêntimo que foi pago. Depois de 43 golos (29 para o campeonato) na época anterior, Gyökeres fez 53 golos (39 para a Liga) neste ano. O sueco foi por isso a principal figura do campeão, somando golos fundamentais, assistências (17 esta temporada, 8 das quais na Liga) e sobretudo desequilíbrios que arrastaram o Sporting às costas, para vitórias e títulos. Gyökeres foi o jogador mais influente que o futebol português viu em muitos anos e um dos grandes avançados da história da Liga.

2. Trincão: a confirmação do talento

O jogador que andou de clube em clube, arrastando o peso da pressão provocada por uma transferência precoce para o Barcelona, deu definitivamente lugar a um craque autoritário e decisivo. Na época anterior, Trincão já tinha mostrado um pouco desta transformação, mas foi este ano, sendo sempre titular do início do fim, que se mostrou em todo o seu esplendor. Trincão teve consistência e confiança, marcou golos fundamentais e liderou a lista de mais assistências em todo o campeonato. Fundamental, portanto.

3. Hjulmand: ó capitão, meu capitão

Já foi um líder no título conquistado na temporada anterior, mas este ano, com a saída de Coates, herdou a braçadeira de capitão e colocou a voz no lugar de comando que tinha ficado órfão. Substituir um líder como Coates não era tarefa fácil, mas Hjulmand conseguiu-o com distinção. Com a bola nos pés, falhou quatro jogos por lesão e dois por castigo, tendo sido precioso nos restantes 28 encontros: um pêndulo de intensidade, cérebro e clarividência, capaz com a mesma eficácia de desarmar, equilibrar e construir.​

4. Ruben Amorim: vai ser tão bom, não foi?

Acabou cedo, mas enquanto durou foi espetacular: saiu após 11 jogos, 11 vitórias, 39 golos marcados e cinco sofridos. Um percurso cem por cento vitorioso, que marcou a temporada leonina e lhe permitiu somar cinco pontos de vantagem sobre o segundo classificado. Até na Champions, somava dez pontos ao fim de quatro jornadas. Ruben Amorim construiu, portanto, uma superequipa, totalmente à imagem dele: empática no balneário e desempoeirada. Uma equipa que prometia ser a obra perfeita do mestre, à quinta temporada dele em Alvalade.

5. Rui Borges: uma injeção de sensatez e realismo

João Pereira foi o homem escolhido por Frederico Varandas para suceder a Ruben Amorim, mas em doze pontos possíveis perdeu oito e o Sporting perdeu a liderança para o Benfica. Era preciso agitar a equipa com um choque. Era preciso, no fundo, Rui Borges. O transmontano não é um génio, mas é inteligente o suficiente para saber que não o é. Sem o brilhantismo de Amorim, torou a equipa mais eficaz, tirou-a do poço e levou-a ao título. Depois de ultrapassar o Benfica.

Parabéns, campeão.