Tiago Fernandes passou por mexicano por culpa... de um treinador

O World Scouting Congress, que decorreu esta terça-feira numa unidade hoteleira no Porto, juntou no mesmo painel José Bosingwa, Sérgio Conceição e Tiago Fernandes para abordarem o tema «Como é que o futebol pode mudar a vida pessoas». O trio partilhou vivências e experiências, recuou à infância, enfim, ao primeiro contacto com o futebol e contou histórias que ficaram na memória.

Tiago Fernandes, por exemplo, andava sempre atrás do pai. Tentava entrar despercebido no balneário, não perdia um treino. E lembrou um episódio insólito que aconteceu enquanto acompanhava uma digressão do Santa Clara aos Estados Unidos.

«As histórias de balneário são complicadas de contar. Chateava toda a gente para ir na comitiva para os jogos, embora por algumas razões não conseguisse sempre ir. Lembro-me de o Santa Clara ir fazer uma digressão aos Estados Unidos e de pedir quase de joelhos para ir. O futebol não era o que é hoje. Queria ir como jogador, como é óbvio e então lá me arranjaram um equipamento e eu fui todo contente. Como os jogos eram todos amigáveis, os jogadores pediram ao treinador para me deixar jogar. O treinador disse 'ele não joga nada, não vai entrar'. Tanto o chatearam que acabei por entrar.  Por sorte, a bola sobrou para mim depois de um ressalto e rematei à trave. No final do jogo, os jornalistas perguntaram ao treinador quem é que eu era. O treinador respondeu 'Tiago Fernandez, um mexicano que está aí à experiência'. Depois lá acabaram por contar a verdade aos jornalistas. Foi uma história engraçada», revelou.

O antigo treinador interino do Sporting assumiu que o objetivo sempre foi ser jogador. No entanto, «como não era o melhor da equipa» começou a ponderar seguir a carreira de treinador, começando por acompanhar o pai, Manuel Fernandes.

«É um orgulho. Foi uma pessoa importante para a minha carreira. Eu era o primeiro a chegar ao balneário com 15/16 anos só para ver o que ele ia explicar. Escondia-me com os roupeiros só para ouvir. O futebol foi sempre o meu habitat. Se tivesse de optar entre ser filho do Zé Manel e ser o melhor treinador do mundo ou ser filho do Manuel Fernandes e não treinar ninguém, prefiro ser o filho do Manuel Fernandes», afirmou, sublinhando a dificuldade em dissociar-se da ligação familiar.

Marcel Keizer chegou para substituir José Peseiro no comando técnico dos leões e Tiago Fernandes ficou encarregue de treinar a equipa sub-23 do clube. Pese embora a mudança de cargo, o treinador vai manter os hábitos.

«Gosto de passar o dia na Academia, moro a dez minutos de distância. Por vezes durmo lá. Gosto de conviver com os funcionários do clube. Por exemplo, sábado estou de folga e vou à Academia tomar banho. E não é por não ter água em casa. É uma paixão. Seja em que clube for, vou passar sempre tempo no meu local de trabalho. Antigamente os treinadores orientavam o treino e iam para casa. Não almoço com quem quero, porque vou almoçar por volta das 17h00», realçou.