Matheus Reis fala também dos clássicos com o FC Porto e das várias brigas que já teve. Coisas normais, garante: no Dragão querem ganhar de qualquer forma e ele nunca vira a cara a uma boa luta.

Em entrevista ao Maisfutebol, fala também da cara simpática que não pode mostrar em campo e elogia Nuno Santos, um concorrente de vários anos pela posição, que aconselhou Ruben Amorim a ir buscá-lo ao Rio Ave.

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É um dos cinco capitães. Qual acha que é o seu peso no balneário?

Estou aqui para tentar ajudar de todas as formas possíveis. Como líder, tento falar com o pessoal e cobrar muito. Mas ao mesmo tempo quero ser um exemplo pelo meu compromisso, pela disciplina que imponho a mim próprio, pela capacidade de trabalhar, de me empenhar e de dar o meu, independentemente de estar a jogar ou não. Acho que também foi isso que me fez ser um dos capitães.

É verdade que, apesar dessa cara sempre séria, é dos mais brincalhões do balneário?

Sabe que um defesa não pode ter cara de bonzinho, não é? Gosto de brincar, gosto de me divertir, dou muitas gargalhadas, gosto de mandar as minhas piadas. Nós até dizemos: o que seria do futebol se não fosse as brincadeiras e as risadas?

Mas sempre longe das câmaras...

Claro. Há coisas que não podemos mostrar... [risos] Mas gosto de chegar bem-disposto, dar bom dia a toda a gente, falar com todos. Mas depois, quando entro no relvado, transformo-me. Ali já sou pouco sorrisos. Ali é trabalho e responsabilidade.

Com o Ruben Amorim, aparecia a titular sobretudo nos jogos grandes: clássicos, dérbis. Porquê?

Acho que eu tenho um perfil mais defensivo e a equipa precisava disso. Até na Liga dos Campeões, quando apanhávamos grandes ataques ou extremos rápidos, o Ruben Amorim colocava-me a titular. Mas também é verdade que me transformo. Não sei explicar, parece que sinto uma chama dentro do peito nestes grandes jogos. Não consigo explicar. Parece que me sinto melhor, cobro mais de toda a gente. São jogos especiais. O Amorim percebeu bem isso.

Curiosamente alternava muitas vezes com o Nuno Santos, que não tem o melhor dos feitios. Como era enfrentar a fera quando ele ficava no banco?

Sabe que eu já conheço o Nuno Santos desde o Rio Ave, não é? Sempre nos demos bem e, inclusivamente, quando eu vim para o Sporting, o Ruben Amorim pediu-lhe informações minhas e ele falou super bem de mim. ‘Traz o Matheus, um jogador trabalhador, boa pessoa.’ Por isso ele fez parte da minha chegada ao Sporting e sempre levámos numa boa as decisões do treinador.

E agradeceu-lhe essas palavras que ele transmitiu a Ruben Amorim?

Claro, claro. E ele falou a verdade, não é? Falou simplesmente a verdade. Mesmo com os problemas que tive no Rio Ave, com as coisas que disse o presidente, o meu trabalho aqui mostra a pessoa que sou e o atleta que sou.

Mas o Matheus Reis também nunca vira a cara a uma boa briga, não é?

Sim, é verdade. Pois... é o meu estilo de ser. Quando estou dentro de campo transformo-me. Só consigo pensar em lutar, em vencer e em honrar esta camisola do Sporting. É uma coisa que engloba muita gente, muitos sonhos, e eu coloco isso tudo no coração e na ponta da chuteira. Dentro de campo luto pela minha vida, pelo futuro da minha família e às vezes isso extrapola um bocadinho os limites. Mas tento ter sempre a inteligência emocional para ajudar e não prejudicar.

Numa dessas brigas o Pepe foi expulso. Aliás, no Dragão teve várias brigas. Puxa mais por si?

Todos os jogos lá foram jogos explosivos. Houve uma vez que teve aquela briga com os apanha-bolas. Com o Pepe não fiz nada para ele reagir assim, mas ele reagiu, então problema dele. Mas tem a ver com a forma de eles serem. Eles lá querem ganhar de tudo quanto é forma e não só a jogar bola.

É verdade que os seus colegas o tratam por Gaúcho?

[risos] Essa aí começou na minha primeira época aqui no Sporting. Foi o ano em que fomos campeões com o TT, o Nuno Mendes e esse pessoal. Eu nas camadas jovens do São Paulo sempre fui médio ofensivo. Então nos treinos estava na defesa, mas às vezes dava um drible ou um passe mais ousado. Então eles começaram a tratar-me por Gaúcho, em referência a Ronaldinho Gaúcho. Mas é tudo na brincadeira