Ruben Amorim tem recusado sistematicamente falar de casos de arbitragem, mesmo quando a sua equipa é prejudicada. Esta quarta-feira, na antevisão do jogo com o Sturm Graz, a propósito do polémico penálti assinalado diante do Vitória, o treinador assumiu que, às vezes, tem uma enorme vontade de falar e de defender os seus jogadores, mas prefere não entrar na «confusão» e, assim, continuar mais «saudável».
«Obviamente que falo com alguém, quando entro no balneário, bato com uma porta, refilo com toda a gente, faço o mesmo do que os outros. Aqui não o vou fazer porque sei que não vai mudar nada. Mesmo que esteja aqui a falar de uma forma positiva, não vai mudar nada, prefiro não falar e não entrar nesse jogo porque, assim, mantenho-me mais saudável. Mais saudável no futebol, na minha vida privada», começou por referir.
O treinador assume que fica tão enervado como os outros em algumas situações, mas a decisão de não falar vem já do início da carreira. «Vou fazer o meu trabalhinho, ficou revoltado como os outros, mas aguento-me porque tenho essa ideia desde o início. Antes de começar a minha carreira, há certas balizas, certas linhas vermelhas que estabeleci para mim. Às vezes apetece-me falar, como os outros, mas não vou falar, enquanto estiver aqui, em Portugal, no meu país, não vou contribuir para a confusão», acrescentou.
Mesmo a nível interno, no balneário, Amorim não cede à pressão para falar de casos de arbitragem. «Acreditem em mim quando digo que os meus jogadores ficam revoltados comigo quando não os defendo. Eu acho que os defendo assim, não arranjar desculpas, mesmo que seja verdade. Por mais que custe aos meus jogadores e a mim, não vou entrar na confusão», prosseguiu.
O treinador não fala, mas o presidente Frederico Varandas falou. «Obviamente que o clube tem de se defender. O presidente tem uma tarefa completamente diferente da minha, tem de falar daquilo que acha que tem de falar em nome do clube. Eu não falo porque o meu trabalho é apresentar resultados dentro do campo. Mesmo com o penálti em Guimarães, se tivéssemos todos os jogadores no máximo, teríamos ganho o jogo», insistiu.
EM resumo, mesmo com muitos erros de arbitragem, Amorim diz que o seu foco tem de ser sempre em melhorar a equipa. «É nisso que me foco e não me escondo atrás dessas coisas. Às vezes a arbitragem tem grande influência, tem, mas enquanto for treinador não vou falar da arbitragem», destacou ainda.