O Sporting não vai estar representado por nenhum jogador na seleção portuguesa pela primeira vez numa fase final. Nenhum jogador do plantel leonino coube nas 26 escolhas de Fernando Santos e o treinador Ruben Amorim considera que o mau momento da equipa não ajudou futebolistas como Gonçalo Inácio, Francisco Trincão ou Pedro Gonçalves, que tinham expectativas de marcar presença no Mundial 2022, no Qatar.

«As escolhas são sempre difíceis, o selecionador, e ainda bem, tem muito para escolher, é difícil tirar um jogador para meter um dos nossos, tal como o contrário. Obviamente, o momento da equipa não os ajudou, o futebol vive das escolhas, do momento, da envolvência. Mas têm de pensar na próxima competição, o Europeu, têm todas as qualidades para lá estar. Perdemos alguns jogadores, mas o Trincão precisa de treinar, o Pote já nos conhece bem mas tem os jogos da Taça da Liga que são importantes. Não conseguimos ajudar esses jogadores a chegar ao Mundial, mas ainda têm muitos pela frente», começou por dizer o técnico na conferência de imprensa deste sábado.

«Os jogadores acreditam sempre [que serão chamados], mas são inteligentes e temos de olhar para as últimas convocatórias. O momento da equipas não os ajudou em nada, tinham esperança mas tem de viver com naturalidade. Se os nossos jogadores, como Inácio e Pote, estivessem na convocatória, ninguém ficaria chocado. A escolha foi feita e há que encarar com naturalidade», acrescentou.

Amorim diz que não sentiu «grande impacto» no balneário após serem conhecidas as escolhas de Portugal e refletiu sobre o debate público acerca dos atletas de FC Porto, Benfica e Sporting que vão à seleção.

«Eles têm dois caminhos: ou ficam tristes e deixam-se abater ou seguem em frente. Os meus jogadores têm um caráter muito grande. Falharam esta competição, podem pensar na outra. Há uma grande discussão hoje em dia de ver qual é a formação que tem mais jogadores, coisas que não fazem muito sentido. O Sporting tem lá jogadores que passaram na formação, mas não na principal», vincou.

«O momento não ajudou, se estivéssemos em primeiro, de certeza que algum jogador do Sporting estaria lá. Não podemos entrar na onda de que o Sporting está a trabalhar mal na formação. Hoje, o Sporting trabalha muito melhor do que quando foi campeão sem derrotas com muitos jogadores da formação. Os plánteis estão mais estruturados, jogadores mais jovens na equipa B, emprestamos aqueles que têm de ser emprestados», completou, antes de comentar as cedências de Eduardo Quaresma e Gonçalo Esteves.

«O que me preocupa mais é o Quaresma não conseguir jogar a titular no Tondela no ano passado. O Esteves jogou a titular no Sporting, não consegue jogar no Estoril. O que digo, principalmente aos sportinguistas é que estamos a trabalhar, temos um plano. Se são chamados ou não, não está nas nossas mãos.» 

Amorim deixou ainda uma observação curiosa, ao analisar os números de golos e assistências «incríveis» de Pote.

«Têm de saber a qualidade que têm. Depois, há uma escolha que envolve muita coisa: o tipo de jogos e de colegas que têm, como jogam no clube. É escolha do selecionador. Isso não tem de interferir no que eles acham que sou. Eu fui a dois Mundiais e não sou nem de perto nem de longe metade do jogador que o Pote e o Inácio são. São fases e no próximo estarão lá com certeza, porque nós, como clube, não queremos estar sempre em quinto ou sexto lugar», rematou.