«Esta equipa chegou atrasada, mas temos de ver que há jogadores que entraram que estão a mostrar uma qualidade diferente. Estamos mais compactos e sim, diria que o Sporting chegou atrasado, mas culpa é de todos nós.»

A frase é de Ruben Amorim, técnico dos leões, após aquele que tinha sido o último jogo para o campeonato, a 12 de março.

De lá para cá deu-se o apuramento épico na Liga Europa, frente ao Arsenal, e novo triunfo para a Liga, esta noite, na receção a um fragilizado Santa Clara.

E sim, mister, o quarto lugar traduz esse mesmo atrasado, mas também é preciso dizer uma coisa: mais vale tarde do que nunca.

Duas mudanças na nova cara do leão

Este Sporting tem, de facto, outra cara. São cinco vitórias consecutivas no campeonato, novo jogos sem perder em todas as competições. O triunfo desta noite ficou fechado por 3-0 e não merece qualquer contestação.

É que se por um lado o leão é nesta altura um dos conjuntos em melhor forma na Liga, o Santa Clara é, talvez, a equipa mais frágil das 18 que compõem o principal escalão do futebol português – os números não mentem, são 13 jornadas sem ganhar, 11 delas com derrotas.

O FILME E A FICHA DO JOGO.

Face ao tal jogo épico em Londres, há duas semanas, Ruben Amorim mudou apenas duas peças: Esgaio (castigado) e St. Juste deram o lugar a Arthur e Nuno Santos. Pote continuou no meio-campo, ao lado de Ugarte, Paulinho permaneceu como referência do ataque.

Pote e Paulinho começaram o desenho

E foi por aí que se começou a desenhar a vitória verde e branca, depois de um quarto de hora em que se confirmou o que já se adivinhava: uma partida de sentido único.

Pote cruzou na meia-esquerda, Paulinho saltou mais alto do que os adversários e cabeceou para fazer o 15.º golo da temporada.

A vida dos comandados de Ruben Amorim acabava de ficar bem mais fácil, a dos açorianos mais difícil. E mais difícil fica ainda quando se dá tiros nos pés como o que Bruno Almeida: aos 22 minutos, o médio pôs a bola no pé esquerdo de Marcus Edwards. O talento do inglês e de Trincão fizeram o resto, que no caso foi o 2-0 – do internacional português.

E a partir daí não são precisas muitas palavras para descrever os 90 minutos de Alvalade. O Sporting respira confiança e não precisou de carregar muito no acelerador para controlar, a 100 por cento, as restantes incidências da partida.

Nem convinha forçar muito, até porque na quarta-feira há novo desafio para a Liga, em Barcelos, frente ao Gil Vicente.

Classe de Edwards fechou as contas

O Santa Clara, muito fragilizado, pouco ou nada conseguiu fazer para inverter o rumo dos acontecimentos, com exceção de uma tímida reação nos primeiros instantes da etapa complementar e após o terceiro golo da equipa leonina.

Esse terceiro golo que surgiu no início da segunda parte, depois de mais um erro do Santa Clara, aproveitado com muita classe por Marcus Edwards, assistido por Paulinho.

O tempo a seguir foi, portanto, de gestão para os verdes e brancos e para o próprio Ruben Amorim, treinador que aproveitou para dar minutos a outros jogadores que não têm jogado tanto: Neto voltou a jogar depois da grave lesão que sofreu em setembro – foi bastante ovacionado –, Rochinha também teve direito a pisar o relvado de Alvalade, ele que não era utilizado desde o início de janeiro.

Um jogo sem muita história, e esse é talvez o maior elogio que se pode fazer a este Sporting mais saudável, depois de um início de época em que semana sim, semana não a estabilidade – que deixou de o ser – era ameaçada. Para o Santa Clara (que ainda ameaçou o 3-1 nos descontos, com um remate ao poste de Andrézinho), ficam os números ainda mais pesados desta série para lá de negativa, e um outro peso: o da lanterna-vermelha da Liga.