A vida de Stanislas Wawrinka no ténis começou a ganhar uma nova forma depois dos confrontos épicos com Novak Djokovic que, desde o ano passado, têm encantado pelas autênticas batalhas travadas em cada ponto resultando em espetáculos de resistência e grandes jogadas. Agora, esta nova vida do suíço mudou finalmente com o triunfo nos quartos de final do Open da Austrália.

Quando Djokovic se colocou na frente do encontro ao ganhar o primeiro set em Melbourne, o sérvio atingiu a marca de 70 vitórias seguidas em sets jogados em hard court. «Nole» não perdia um encontro desde a final do Open dos EUA, em Setembro de 2013, quando foi batido por Rafael Nadal – depois de ter eliminado precisamente Wawrinka nas meias-finais. Até esta terça-feira, Djokovic tinha estado sempre, pelo menos, nas meias-finais dos últimos 14 grand slam.

Na Austrália, onde chegou como o vencedor das últimas três edições (entre os quatro troféus que tem do torneio), o sérvio não perdia, assim, um encontro desde 2010, onde também ficou nos quartos de final. O elogio do vencido não é mais do que se não o reconhecimento do que foi feito pelo vencedor- e do marco que é para o vencedor.

Nas anteriores 14 vezes que Wawrinka tinha enfrentado Djokovic, o suíço tinha perdido sempre. As únicas duas vezes que o atual nº8 do mundo venceu o sérvio, o nº2 do ranking, aconteceram em 2006; tinha Wawrinka 21 anos e Djokovic 19 – agora têm 28 e 26, respetivamente.

Tudo agora como não foi no (ano) passado

E é agora que ainda podem chegar onde nunca chegaram. Wawrinka começou a mostrar-se – como se referiu – no ano que passou. E é agora que pode chegar onde nunca chegou este novo Wawrinka, que agora ocupa a melhor posição de sempre no ranking; não o suíço que com Roger Federer ganhou a medalha de ouro olímpica em pares (Pequim 2008), ou o que venceu cinco torneios ATP 250 – entre os quais o Portugal Open do ano que passou – ou o que, até agora, tinha conseguido vencer duas vezes um nº2 do mundo entre os quase trinta triunfos sobre jogadores «top ten» – sem qualquer vitória sobre um nº1. E é agora que vale a pena recuperar o primeiro embate de 2013 entre Wawrinka e Djokovic, precisamente há um ano, precisamente na Austrália.



O encontro disputou-se na quarta ronda (ainda com 16 jogadores no mapa), mas foi um primeiro grande embate prenúncio do que viria a passar-se no resto do ano (em muito dele) para o suíço. A derrota no Open da Austrália 2013 foi a primeira de quatro que Wawrinka teve para com Djokovic no último ano – o jogador com quem perdeu mais vezes.

As outras três derrotas foram nos três últimos torneios disputados pelo suíço em 2013: Open dos Estados Unidos (a primeira meia-final da carreira num grand slam), Masters de Paris (quartos de final) e o ATP World Tour (meias-finais). A intensidade dos duelos tem sido tal que os dois «major» do ano passado e o deste ano só foram decididos num quinto set. 

Se o embate da Austrália em 2013 já tinha deliciado, as meias-finais do Open dos EUA reforçaram o carisma que os confrontos entre estes dois jogadores ganharam.

Ficou para recordar a jogada com 22 pancadas, num ponto ganho por Djokovic:



Ficaram para recordar as 13 vantagens jogadas, num jogo ganho por Wawrinka:



O sérvio, porém, foi levando sempre a melhor. Até esta terça-feira, O novo Wawrinka derrotou a sua «besta negra» de 2013 ao 18º encontro disputado. O «Stanimal» como é também conhecido o «Iron Stan» ou «Stan the Man», tremendamente ofensivo do fundo do court e com uma esquerda tão elegante como temida, passa uma barreira de pressão de um tenista que vinha chegando à frente, mas que, a exemplo do que tinha acontecido no ano anterior, não a superava.

Desta vez, até o «duelo» entre antigos tenistas agora treinadores foi ganho pelo lado do suíço. Magnus Norman saiu vencedor como treinador de Wawrinka naquela que foi a estreia de Boris Becker como chefe da equipa técnica de Djokovic.

O próximo desafio de Wawrinka está já aí ainda nesta semana, na sua segunda meia-final da carreira num grand slam. Tomas Berdich é o adversário que está entre o suíço e a primeira final de sempre num «major». O checo é o 7º do ranking, imediatamente à frente do suíço que aos 14 anos decidiu seguir o ténis como carreira. Mas o histórico de duelos até é favorável em 8-5 para o nº8. E, agora, para Wawrinka, depois de Djokovic, pode vir qualquer um.