O regresso festivo da seleção de sub-17, nesta segunda-feira, foi o corolário de uma campanha de sucesso, a trazer de volta outros tempos. Portugal conquistou um dos torneios de seleções jovens mais importantes da UEFA pela sexta vez e com vários jogadores a destacarem-se como figuras da prova. 13 anos depois da última conquista, a representação lusa voltou a ser bem sucedida num torneio jovem com a chancela da UEFA, tendo ganho o Europeu da categoria sub-17 pela sexta vez na história. A edição de 2016 desta prova decorreu no Azerbaijão e mostrou ao mundo uma Seleção Nacional recheada de talento, e com um coletivo muito bem trabalhado por Hélio Sousa, treinador que tem vindo a deixar marca nas camadas jovens da equipa das quinas.

Depois de ter batido Azerbaijão (5-0), Escócia (2-0), Áustria (5-0) e Holanda (2-0), e ainda ter registado um nulo frente à Bélgica, a equipa portuguesa apresentou-se na final frente à poderosa Espanha consciente de que estava perante uma excelente oportunidade de voltar aos títulos no futebol jovem, mesmo sabendo-se que nestas idades essa não pode (nem deve…) ser a prioridade. Mas se juntarmos troféus a um trabalho bem conseguido a todos os níveis (tático, técnico, físico e mental), melhor ainda.

Diogo Costa  (foto FPF/André Sanano)

Portugal conseguiu-o, recorrendo a uma espinha dorsal que mistura a solidez defensiva de um quarteto portista ao trabalho incansável, talento e capacidade de finalização de um meio-campo e frente de ataque com forte presença benfiquista. Na baliza, esteve um dos alicerces desta equipa: Diogo Costa. O guardião dos sub-19 do FC Porto, já chamado a trabalhar com o plantel principal e com uma convocatória para os trabalhos dos sub-21, de Rui Jorge, mostrou sempre uma segurança notável, aliando à estampa física considerável uns reflexos apurados e muita agilidade.

Diogo Dalot (foto FPF/André Sanano)

O quarteto defensivo mais utilizado teve nos laterais as principais figuras. Diogo Dalot, do FC Porto e Rúben Vinagre, do Mónaco, foram garantia constante de profundidade e largura no momento ofensivo, com o lateral portista a exibir uma admirável capacidade de recuperação defensiva. Uma autêntica locomotiva na lateral direita. Ao meio, os imponentes Diogo Queirós e Diogo Leite (ambos do FC Porto) limpavam e arrumavam a casa, garantindo que o espaço central era praticamente impenetrável.

Miguel Luís (foto FPF/André Sanano)

No meio-campo, o sportinguista Miguel Luís revelou enorme utilidade e propensão ofensiva, tornando-se até no primeiro grande destaque da equipa, após a goleada inicial frente ao Azerbaijão. No entanto, o trio que acabou por se destacar mais era composto por Florentino (Benfica), Gedson Fernandes (Benfica) e Domingos Quina (West Ham). Florentino é o ponto de equilíbrio, o médio mais recuado que recuperava imensas bolas e as distribuía habitualmente com critério. Gedson foi um dos jogadores todo-o-terreno, com grande amplitude de jogo, assemelhando-se de certa forma a Renato Sanches. Quina é dos três aquele que possui o toque de bola mais refinado, revelando uma capacidade de passe muito interessante.

José Gomes (foto FPF/André Sanano)

Ofensivamente, a equipa esteve dependente da capacidade finalizadora de José Gomes (Benfica), o melhor marcador da prova, com sete golos. Potente, fisicamente poderoso, mas com certa agilidade e com faro de golo, foi um dos jogadores que mais encantou a Europa durante estas semanas. Junto a si, dois companheiros do Benfica, de caraterísticas diferentes mas enorme utilidade: João Filipe, um dos jogadores mais criativos desta geração e Mesaque Djú, extremo rápido e agressivo a atacar a linha.

João Filipe  (foto FPF/André Sanano)

Olhando para este conjunto de jogadores e as exibições da equipa portuguesa neste Campeonato da Europa, ficou a impressão de que estaríamos perante um plantel de profissionais e não de juvenis, tal foi a qualidade, frieza, astúcia e tranquilidade exibidas dentro de campo. Portugal foi, sem margem para dúvidas, a equipa mais completa a todos os títulos ao longo da prova. No entanto, não foi só na equipa lusa que se detetaram novos talentos, naturalmente…

Na seleção vice-campeã, a Espanha, sobressaíram vários nomes: desde o mago Brahim Díaz até ao potente extremo Mboula, passando pelos criteriosos Morlanes e Busquets, ficou a clara impressão de que o futuro para «nuestros hermanos» tem tudo para ser brilhante.

Nas restantes seleções, vários craques foram despontando também, nas mais diversas posições. Na baliza, o belga Svilar, o alemão Bartels e o sueco Dahlberg revelaram muita segurança e capacidade para agarrarem dentro em breve as balizas de equipas de nível profissional. Entre os centrais-revelação, destacaram-se o holandês De Ligt (saída de bola notável), o espanhol Brandariz ou o belga Vanheusden (poderoso do ponto de vista físico). Entre os laterais-esquerdos, o ofensivo Gian Luca Itter, da Alemanha, foi uma das principais referências.

A nível de meio-campo, além dos portugueses e espanhóis já referidos, há que mencionar os alemães Maier e Havertz ou ainda os holandeses Malen e Leandro Fernandes. Nas alas, os também holandeses Nunnely e Chong revelaram uma notável capacidade para criar desequilíbrios, buscando tanto a linha como a diagonal (quando permutavam nas alas). Em termos ofensivos, há ainda que destacar a grande referência da Mannschaft, Dadashov, avançado que não sendo um primor técnico revela grande astúcia nas movimentações na área contrária, aproveitando muito bem o poderio físico.

Não se admirem portanto se, dentro em breve, derem com alguns destes nomes a atuar nos principais emblemas do futebol europeu e a brilhar ao mais alto nível. O próximo passo é o mais importante (e decisivo!).