Rendimento mínimo assegurado no primeiro jogo da «era Rui Caçador». Em noite de algumas estrelas cadentes, Vila do Conde viu os sub-21 de Portugal a vencer 3-0 a débil Malta, mas sempre em velocidade de tolerância zero. Num contexto de facilidade absoluta, em função da parca vigília dos mediterrânicos, aguardava-se mais irreverência, mais arrojo e, sobretudo, mais dinâmica ofensiva. No entanto, só na segunda parte isto sucedeu. E, mesmo assim, em tragos bem doseados.
Mais importante do que a goleada, natural e obrigatória, importa olhar para as peças que constituem este grupo que vai atacar em Setembro a qualificação para o Campeonato da Europa de 2009. E, não esquecendo que a motivação poderia não estar no limite máximo, em função da pobreza do adversário, o teste não foi superado por todos os atletas utilizados pelo novo seleccionador nacional. Matéria-prima há, resta saber até que ponto será suficiente para defrontar e ultrapassar as selecção de Inglaterra, Rep. Irlanda, Montenegro e Bulgária nos jogos «a sério».
Bom arranque e um deserto longo de mais
A primeira parte foi confrangedora. João Moreira marcou bem cedo, aos 13 minutos, mas o conjunto pareceu acomodar-se perante essa pequena vantagem. É indiscutível que Malta nunca obrigou Ricardo Batista a sujar as luvas, mas ter que esperar até ao minuto 44 para ver a baliza adversária em trabalhos, não é sinal de grande inspiração. Mas foi isso que sucedeu.
Nesse instante, Pereirinha (um dos mais inconformados) chegou à linha de fundo pela direita e centrou para o cabeceamento de Nani à barra. Na recarga, ficou a sensação de grande penalidade, pois há uma mão de um defesa a interceptar a cabeçada de João Moreira.
O bom exemplo de Nani
Uma das grandes dúvidas era saber até que ponto Nani se iria auto-motivar para este jogo. O extremo do Manchester United ficou, desta vez, de fora dos planos de Scolari, mas respondeu com brio e profissionalismo. Mesmo nos piores períodos da selecção rumou contra a frágil maré e deu o exemplo aos companheiros mais jovens.
Sinal também muito positivo para João Coimbra, que mexeu com o futebol da equipa na etapa complementar. O médio do Nacional (emprestado pelo Benfica) apontou o segundo golo aos 58 minutos e impôs um ritmo superior na circulação da bola. Algo que complicou o até aí acessível labor defensivo de Malta.
O terceiro golo surgiu num remate de Nuno André Coelho na marcação de um livre directo, aos 68 minutos. Pouco, ainda assim, para tamanha superioridade qualitativa de Portugal. O público queria mais e a selecção mais poderia ter dado. Não deu, mas acredita-se que as reservas de energia estejam guardadas para a fase de qualificação.
Ficha de jogo:
Jogo no Estádio dos Arcos, em Vila do Conde, com cerca de duas mil pessoas nas bancadas.
Árbitro: Rui Silva, auxiliado por Álvaro Mesquita e Arnaldo Araújo
Portugal: Ricardo Batista (Rui Patrício, 45); Gilberto (Vitor Gomes, 45), Nuno André Coelho, Vasco Fernandes e Antunes (Gonçalo Brandão, 66); Stélvio Cruz, Paulo Machado (João Coimbra, 45) e Pereirinha (Yannick Djaló, 56); Vieirinha (Daniel Carriço, 82), João Moreira e Nani (Hélder Barbosa, 66).
Suplentes: Daniel Carriço
Treinador: Rui Caçador
Malta: Montefort; Borgt, Failla, Andre Agius e Farrugia; Paul Fenech, Bartolo, Edmond Agius e Herrera; Buhagiar e Falzon.
Jogaram ainda: Zammit, Meilaq, Baldacchino e Ryan Fenech.
Treinador: Mark Miller
Golos: João Moreira (13), João Coimbra (58) e Nuno André Coelho (68)
Acção disciplinar: nada a assinalar