Para Rui Jorge a nota artística não é uma avaliação insignificante. A seleção portuguesa de sub-21 está muito perto de passar aos quartos de final do Europeu da categoria, e pode nem precisar de pontuar frente à Suíça, na última jornada do Grupo D, mas o selecionador continua focado em ganhar - claro está -, mas também em valorizar o lado estético.

Essa posição foi reiterada na antevisão do encontro, ao ser questionado sobre as substituições realizadas nos jogos anteriores, quando o resultado estava ainda a zeros, e ainda procurava o equilíbrio entre manter a equipa coesa, estável defensivamente, mas ao mesmo tempo ter condições para soltar o talento no ataque.

«É sempre isso que os treinadores procuram. Acredito que seja esse o grande princípio do treinador: ter uma equipa equilibrada, mas que consiga colocar os seus talentos a torná-la também atrativa, eletrizante. Tentar que ninguém fique indiferente a ver-nos jogar. estes jogadores, pela qualidade que têm, não merecem que as pessoas fiquem indiferentes a vê-los. Mas isso não pode ser dissociado de uma organização coletiva, e é muito importante que a equipa esteja equilibrada, para não desmoronar», respondeu o selecionador.

Portugal só precisa de um ponto para carimbar o apuramento para a próxima fase (a disputar em maio e junho), mas pode até seguir em frente com uma derrota. Rui Jorge garante, em todo o caso, que o foco está na conquista de mais três pontos.

«Não sabemos até que ponto precisamos do resultado. Sabemos que, com dois resultados, seguiremos em frente, mas a nossa direção não deve ser essa», afirmou.

«O equilíbrio do grupo não foge ao que eu perspetivava. Em termos de apuramento, nesta altura continuam as quatro equipas com hipótese. Até ao último segundo pode decidir-se quem passa à próxima fase. Era isto que esperávamos, embora se falasse que ia ser diferente, pelos nomes das equipas. Estamos muito satisfeitos pelo ponto em que estamos. Não trocaríamos esta posição por nenhuma outra, mas amanhã [quarta-feira] é que se vê quem gostaria de trocar de posições. Para já estamos satisfeitos, e queremos estar de igual modo depois do jogo», acrescentou.

Rui Jorge garante que nunca foi passada ao grupo a ideia de que a Suíça seria o adversário mais acessível dos três, e diz mesmo que o último adversário da fase de grupos é o mais forte no momento defensivo: «Joga em 4x4x2 clássico, é uma equipa muito agressiva defensivamente, com um excelente momento de pressão, e depois à espera de sair em contra-ataque. O jogo passará muito por aí, pela velocidade e precisão com que vamos circular na linha defensiva, para conseguir ficar em situações boas para conseguir criar desequilíbrios. Se nós o conseguirmos fazer bem, podemos ter o caminho facilitado. Se o fizemos mal, podemos ser fortemente penalizados.»

Questionado sobre a eventual inclusão no lote de favoritos à conquista do título europeu, o selecionador deixou claro que não está preocupado com esses rótulos: «Tenho uma ideia dos outros grupos, mas nem sei particularmente as contas, até porque não me interessa agora. Assim como essa questão do favoritismo. Já tentei dizer a nossa direção, para onde caminhamos. Os jogadores portugueses, até ao momento, têm correspondido ao que esperávamos. Um grande objetivo nosso é que olhem para eles como jogadores talentosos, com sentimentos e correção», afirmou, lembrando que o grupo de trabalho reúne cinco gerações diferentes.