Enquanto a seleção portuguesa de sub-21 consumava diante da Holanda, em Paços de Ferreira, a qualificação mais festiva do seu historial, com 10 vitórias em outros tantos jogos, o play-off de apuramento do Europeu deixava pelo caminho três grandes potências da categoria.

As eliminações da Espanha - bicampeã europeia em título - da Holanda - semifinalista do último Europeu - e da França, campeã mundial de sub-20, reforçam a ideia de que no próximo mês de junho, na Rep. Checa, Portugal pode deixar uma marca forte na fase final. Até porque, tendo como referência os melhores desempenhos lusos – o segundo lugar conseguido em 1994 e o terceiro, em 2004 – a edição deste ano permite ainda sonhar com um bónus adicional: os quatro semifinalistas terão acesso aos Jogos de 2016, no Rio de Janeiro. E esse foi o objetivo assumido pelo selecionador português, Rui Jorge, no final da vitória sobre os holandeses, a 14ª consecutiva da equipa por si orientada: «Dizer que somos favoritos no Euro não faz sentido, o próximo objetivo deste grupo passa pela qualificação para os Jogos Olímpicos.»

O sorteio da fase final realiza-se a 6 de novembro, em Praga, e embora os procedimentos ainda devam ser ratificados pela UEFA, Portugal não deverá ter o estatuto de cabeça de série, ao contrário do que aconteceu no play-off. Isto porque a Rep. Checa, como país organizador, terá esse estatuto, que só será aplicado a mais três equipas. Mesmo com franceses e espanhóis de fora, as seleções de Inglaterra, Itália e Alemanha tinham, à partida para o play-off, um coeficiente superior ao da seleção portuguesa. Assim, os comandados de Rui Jorge devem ficar inseridos no grupo das outras quatro equipas – com Sérvia, Dinamarca, e Suécia – que serão alvo de sorteio livre.

Kurzawa, o homem da noite pelos piores motivos

Em relação aos jogos desta terça-feira, só Portugal, e Alemanha tiveram direito a uma tarde mais ou menos descansada. Até a Itália, que fazia figura de clara favorita depois do empate (1-1) na Eslováquia, teve de esperar pelo minuto 90 para que o golo de Longo a pusesse ao abrigo de surpresas.

Com Dier a titular na Croácia, a Inglaterra geriu de forma competente a vantagem mínima da primeira mão e esteve sempre no comando do marcador e da eliminatória. Ainda assim, só o golo de Hughes, à entrada do último quarto de hora, acabou com a incerteza sobre o apuramento de um dos prováveis cabeças de série na fase final.

Mas as emoções mais fortes centraram-se em três jogos. Na Islândia, depois do 0-0 da primeira mão, parecia que novo nulo iria forçar tempo extra, mas o golo de Thomsen permitiu à Dinamarca fazer uma festa que ainda foi ameaçada pelo empate islandês, nos descontos.



Uma das maiores surpresas da ronda estava reservada para Cádiz, onde a bicampeã Espanha, com o portista Oliver Torres a sair do banco aos 69 minutos, tinha, depois do 0-0 da primeira mão, a oposição de uma Sérvia de grande qualidade. Um autogolo de Saúl, à passagem da meia hora, complicou a tarefa à seleção espanhola, que ainda assim esteve quase a conseguir o milagre: Sergi fez o empate no 90º minuto, e no lance seguinte Munir, a nova coqueluche do Barcelona, teve o golo do apuramento ao alcance, antes de Kostic, nos descontos, fechar as contas para o lado sérvio. Nota importante, à margem destas contas, a lesão do basco Muniain, que poderá afastá-lo do embate com o FC Porto para a Liga dos Campeões.

Por fim, destaque merecido para o épico apuramento da Suécia: depois da derrota por 2-0 em França, na primeira mão, para mais diante de uma geração «azul» de enorme qualidade, poucos poderiam prever a reviravolta conseguida em Halmstad. Dois golos na primeira parte puseram as contas a zero, e o terceiro golo sueco consumou a reviravolta na eliminatória, que se mantinha à entrada dos últimos minutos. Aí, o drama atingiu intensidade máxima: primeiro, o lateral francês Kurzawa, companheiro de João Moutinho, Ricardo Carvalho e Bernardo Silva no Mónaco, marcou o golo que dava o apuramento à França, e não resistiu a festejar desta maneira, despedindo-se antecipadamente dos suecos:



Mas o karma tem destas coisas: no minuto seguinte, o sueco Lewicki marcou o glo que sentenciou a passagem da sua equipa, e retribuiu assim:



Pouco depois, o árbitro apitou para o final, e a celebração sueca não se fez esperar. No campo, primeiro, e nos balneários, depois, o gesto de Kurzawa virou-se contra ele e tornou-se viral nas redes sociais: