Rui Jorge, selecionador de Sub-21, depois da vitória sobre os Países Baixos (2-1), em Portimão, no último jogo da fase de qualificação para o Europeu da categoria:

- Os Países Baixos têm, de facto, uma excelente equipa. Os jogadores foram muito organizados, estiveram muito concentrados e agressivos no momento defensivo e dificultaram bastante a tarefa à seleção holandesa.

- Em momento algum do jogo houve descontrolo defensivo. Quando se sofre um golo e se está à procura de uma vantagem de dois golos, a equipa pode abanar um bocadinho, mas o nosso problema hoje, se é que existiu e podemos chamar-lhe problema, foi o aspeto ofensivo.

- No aspeto defensivo não tenho muito a dizer, atendendo à qualidade da equipa adversária e também ao losango em que jogámos hoje - poucas vezes o utilizámos -, mas defensivamente acho que estivemos bastante bem. Sabíamos que o poderio do adversário nos ia colocar mais tempo sem bola, mas também sabíamos que quando a tivéssemos podíamos ser perigosos. Foi isso que falhou um bocadinho, não fomos tão perigosos quanto podemos ser.

- Acabámos este percurso com nove vitórias e uma derrota lá [nos Países Baixos]. É muito bom. Temos a obrigação de perceber melhor que, neste ambiente próprio de sub-21, é bastante difícil de acontecer ao nível europeu. Olhamos para os outros grupos e percebemos isso, é difícil fazer percursos tão longos sem tropeçar, sem um erro. Recordo que sofremos o 4-2 nos Países Baixos já depois dos 90 minutos e falei no balneário da situação de descontrolo que existiu nesse momento, mas isso faz-nos crescer, faz crescer os jogadores. É destes momentos que se alimenta a carreira deles.

[Dez anos como selecionador dos sub-21 assinalados a 27 de novembro]

- Há momentos muito bonitos e enriquecedores. São cerca de 250 jogadores que estiveram connosco. Cerca de 50 que já se estrearam pela seleção principal e nós sentimo-nos muito satisfeitos com isso, com o facto de a relação com os miúdos ter sido extraordinária ao longo dos anos. Não há um caso que possa apontar como negativo.

- Há jogadores que já têm 28 ou 29 anos, e posso confidenciar que recebi mensagens de jogadores da primeira geração, da geração de 1990, que estiveram connosco. São estes momentos que nos marcam, recebermos mensagens de jogadores que hoje em dia nós já não vamos ser ajuda para eles, o que nos faz dizer que estamos a fazer a coisa bem.

- São esses momentos, mais do que os momentos de jogo, que eu posso nomear. São momentos de alegria e de tristeza, também. Custou-me enormemente, por exemplo, não termos ido, na geração passada, a uma fase final, o que ajudaria muitos jogadores de enorme qualidade que ficam sem um pouco de palco, como o Pepê ou o Stephen Eustáquio, cuja carreira podia ser diferente. São momentos tristes, quando os deixamos fora de alguma montra, mas [um percurso] também recheado de momentos de alegria como este que acabámos de viver.