O primeiro dérbi da época terminou com uma vitória do Benfica, perante duas equipas em continuidade de dinâmicas e evolução em relação à época passada.

Um resultado pesado para o Sporting, num jogo que começou equilibrado, inicialmente com pouca fluidez, alguns passes perdidos e perdas de bola constantes, com os blocos juntos e poucas ocasiões de golo. 

O jogo mudou após o segundo golo do Benfica, ficando partido e com mais espaços para transições. O que trouxe chegadas a zonas de finalização mais facilitadas.

Ideia 1.

O Benfica apresentou-se sem grandes surpresas, com sistema e dinâmicas similares à forma como terminou a época.  Com bola, manteve a estrutura característica, com ambos os laterais altos, os alas (Pizzi e Rafa) procurando espaços interiores nas costas da linha média adversária, formando um quadrado atrás entre os defesas centrais e os dois médios.

Médios esse que jogaram maioritariamente de frente para o jogo, dando uma linha de passe mais recuada aos laterais, e sempre preparados para saltar na pressão quando a equipa perdia a bola.  

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Uma diferença: coube a Seferovic abrir numa das linhas em alguns momentos de organização ofensiva, movimento que era realizado normalmente João Félix. Raul de Tómas mais posicionado em zona central e ligando entrelinhas, mostrou ainda pouca abrangência de movimentos, mas evidenciou capacidade de remate de meia distância.  

Houve, de resto, muita liberdade de movimentos para Pizzi e Rafa, podendo aparecer em zonas próximas para se associarem (trabalharam o primeiro, segundo e quarto golos).

Ideia 2.

O Sporting apresentou-se de uma forma menos habitual, jogando com três defesas centrais, embora também já o tivesse feito em alguns jogos da época passada. Apresentou-se num 1-5-4-1 no momento defensivo, tentando inicialmente que a linha de cinco defesas e a de quatro médios jogasse junta para controlar o jogo interior do Benfica.

Tentou condicionar a saída de bola do Benfica com Bruno Fernandes subindo para próximo de Bas Dost, e Wendel a encostar em Florentino. No entanto, perante as soluções que o Benfica vai apresentando na primeira fase de construção, foi obrigado muitas vezes a baixar a primeira linha de pressão.

Depois teve algumas dificuldades em condicionar a construção dos médios do Benfica (maioria das vezes com muito tempo-espaço para jogar) e em controlar a entrada de bola entrelinhas em Pizzi, sobretudo pela dificuldade de articulação entre Wendel e Bruno Fernandes para evitar esse passe.

O primeiro golo surge precisamente numa bola que entra em Pizzi nessa zona, o que permitiu ao médio do Benfica depois, e sem pressão, conseguisse isolar Rafa.

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No momento ofensivo, havia construção a três (defesas centrais) mais dois médios nas costas da primeira linha de pressão do Benfica, mas com dinâmicas diferentes nos dois corredores laterais.

No lado direito, Thierry mais baixo e Raphinha aberto, enquanto que na esquerda Acuña posicionando-se bem alto, com Bruno Fernandes com liberdade para ir para dentro e pisar várias zonas do campo. 

O jogo interior esteve entregue aos movimentos de Bruno Fernandes e os apoios frontais do seu ponta de lança.

Houve mais situações de organização ofensiva pelo lado esquerdo, mas na transição ofensiva a equipa explorou a capacidade de Raphinha para acelerar de imediato no corredor direito, procurando as costas de Grimaldo. A criação passou quase sempre por Bruno Fernandes.

Ideia 3.

O Benfica esteve organizado no seu tradicional 1-4-4-2 no momento defensivo, tentando pressionar alto e conquistar bolas no meio campo ofensivo. Neste momento tentou condicionar mais a saída inicial do Sporting para o lado direito, tentando evitar a boa capacidade de construção de Mathieu.

Para isso Pizzi defendeu numa linha mais alta, pressionando tanto Wendel pelas costas como Mathieu. É numa dessas situações que surge a primeira oportunidade de golo. Pizzi salta a pressionar Mathieu e Nuno Tavares encosta em Acuña, deixando Bruno Fernandes sozinho.

Embora tenha conseguido condicionar a primeira fase de construção do Sporting, este posicionamento do Pizzi deixou muitas vezes Nuno Tavares em inferioridade numérica, sendo por esse corredor que o Sporting criou mais perigo e algumas situações de golo, a partir das ligações Wendel, Acuña e Bruno Fernandes.

Aliás, na segunda parte, o Benfica alterou essa situação com Pizzi a defender mais baixo e sendo Raul de Tomas a pressionar de forma mais agressiva Mathieu.

Ideia 4.

Houve uma mudança estrutural do Sporting após o 3-0, retirando um defesa central, mas num momento já muito difícil em termos emocionais para conseguir alterar a tendência do jogo. O Benfica fez apenas substituições para gerir sem grande alteração tática.