O ano novo chegou a Barcelos e trouxe, além de um mau jogo de futebol, um tratado de ornitologia. Uma verdadeira lição sobre o mundo das aves. Ora veja. Numa casa quase deserta, o galo Gil Vicente raras vezes mostrou ser um espécime especial, de primeira.

Cacarejou uma vez, com Luís Carlos de penas eriçadas, para logo no instante a seguir ser novamente silenciado. Por Pintassilgo, já agora. Esse sim, um senhor jogador no meio-campo moreirense. Perto do fim, o mesmo Luís Carlos apanhou Pinto a dormir e salvou a tarde gilista. 2-1 num triste memorando ao futebol português.

Mais do que a parca qualidade do jogo, apetece questionar esta calendarização. Segunda-feira, 16 horas, dia de trabalho para a esmagadora maioria. Não é assim que a Taça da Liga se entroniza nos hábitos dos adeptos, não é assim que a competição conquista o carinho do consumidor de futebol em Portugal.

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A vitória deixa o Gil Vicente bem colocado no Grupo A, mas também uma série de interrogações sobre a qualidade da equipa. Principalmente por culpa de uma primeira parte absolutamente aterradora, sem organização nem ambição, sem intensidade nem esclarecimento.

Aliás, do primeiro tempo há apenas a registar um bom pontapé de Luís Carlos (o melhor em campo) e a agradável atitude do Moreirense, equipa a militar no segundo escalão. Tales e Pintassilgo tomaram conta do meio-campo, Robson mostrou dois ou três pormenores interessantes. Matéria-prima de qualidade nas mãos de Jorge Casquilha.

A etapa complementar foi bem melhor, porém. O Gil surgiu autoritário, Richard recuou ara assumir a batuta da equipa e a bola passou a rondar muito mais vezes as duas balizas. Os golos de Luís Carlos e Pintassilgo embelezavam o marcador e retocavam-no com ares de justiça, antes do derradeiro e decisivo cacarejar gilista.

Daí até final, a formação de Paulo Alves controlou perfeitamente a partida, com Laionel ainda a falhar um golo de baliza completamente aberta. Nota ainda para as lesões de Roberto e Yero, os dois pontas-de-lança do Gil Vicente. Ambos tiveram de ser substituídos.

FICHA DE JOGO:

Jogo no Estádio Cidade de Barcelos, cerca de 1000 espectadores

Árbitro: Artur Soares Dias

GIL VICENTE: Adriano Facchini; Daniel, Cláudio, Halisson e Júnior Caiçara; Luís Manuel (Guilherme, 64), André Cunha e Richard; Hugo Vieira, Roberto (Yero, 53, Laionel, 73) e Luís Carlos.

Suplentes: Jorge Batista, Sandro, Tó Barbosa e Mauro

Treinador: Paulo Alves

MOREIRENSE: Ricardo Ribeiro; Chico, Anilton (Ricardo Fernandes, 81), Pinto e Augusto; Tales e Pintassilgo; Ghilas, Robson (Fábio Espinho, 67) e Tiago Carneiro (João Vicente, 81); Bruno Moreira.

Suplentes: Ferreira, Castro e Miguel Oliveira

Treinador: Jorge Casquilha

Cartões amarelos: Tiago Carneiro (80), Pinto (83) e Luís Carlos (90)

Golos: Luís Carlos (50, 78), Pintassilgo (55)