A FIGURA: Moussa Marega

O franco-maliano falha mais do que devia? Com certeza. No entanto, está sempre lá e acerta o número suficiente de vezes para se tornar imprescindível. Marega faz lembrar um jipe 4x4. É um todo o terreno, adapta-se a qualquer terreno, vence qualquer obstáculo. Aliás, Marega é mais do que isso. É um 4x4 com turbo incluído, já que à força junta uma velocidade que o torna difícil de parar. Até se tornar numa torrente de futebol ofensivo. Esta noite foram uma mão cheia de oportunidades de golo. Converteu aos 21’, num lance em que contorna Cássio, depois de Brahimi o isolar. Muitas vezes solicitado, Marega esteve sempre ligado à corrente e foi um perigo à solta, com uma disponibilidade física notável, que durou 90 minutos.

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O MOMENTO: Minuto 11. Abram alas para uma goleada que acabou por não ser

Soares já havia desperdiçado um golo feito logo aos 2’ e ficava no ar a possibilidade de o FC Porto poder estar numa noite de muita parra e pouca uva. As dúvidas ficaram desfeitas ao minuto 11. E haveria de ser Soares a redimir-se. Erro forçado na saída de bola do Rio Ave, recuperação de bola portista, Brahimi serve Herrera, que na área deixa com um subtil toque de calcanhar a bola à mercê de Soares, que remata de pé esquerdo para inaugurar o marcador. Seguiu-se uma incrível sequência de oportunidades perdidas. E a goleada prometida ficou-se por uma vitória robusta por 3-0.

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OUTROS DESTAQUES:

Herrera

Bastaria aquele toque sublime de calcanhar para o primeiro golo do FC Porto e um drible na área para um remate por cima (36’) para o destacar. Mas Herrera foi bem mais do que isso. O mexicano não é capitão por acaso, já o havia dito Sérgio Conceição, e em campo tem-se mostrado um verdadeiro líder na zona nevrálgica. A recuperar bolas, a progredir no terreno, queimando linhas como um box-to-box tem de fazer, a assistir ou a assumir o remate em zona de finalização, Herrera esteve sempre lá. Mais uma excelente exibição.

Tiquinho Soares

Imprescindível para o ataque portista na segunda metade da última época, o brasileiro começou azarado esta temporada, logo com duas lesões. Agora, regressa aos poucos e tenta reencontrar-se com o golo. Já havia sido assim com o Mónaco e hoje voltou a faturar. Esta noite falhou um golo de baliza quase escancarada, logo aos 2 minutos, mas não se deixou abater e aos 11’ lá estava ele a inaugurar o marcador. Falhou mais um par de ocasiões de golo, mas viria a compensar tudo com a tenacidade com que trabalhou muito, pressionando a primeira linha de defesas do Rio Ave (juntamente com Marega) e obrigando a erros sucessivos da defesa contrária.

Brahimi

Como não destacar o mais prodigioso artista do grande espetáculo de Natal do Dragão. O argelino é um «ai Jesus» para qualquer defesa. Não raras vezes tem dois ou até três marcadores em cima. Decisivo na assistência para o segundo golo. Deslumbrante num arranque maradoniano, sobre o intervalo, que deixou o estádio a suspirar.

Aboubakar

Mais um jogo, mais um golo. Aí vão 22, só nesta época. O camaronês entrou na segunda parte bem a tempo de fazer cobrar a grande penalidade que sentenciou o resultado em 3-0. Não quis ficar atrás dos companheiros de ataque Soares e Marega e despediu-se do Dragão em 2017 também a festejar com um golo no sapatinho.

Pelé

Não é fácil destacar um jogador do Rio Ave numa noite de gala portista. Se na frente faltavam metros para fazer a bola lá chegar mais vezes, atrás os sucessivos erros não pouparam ninguém. Houve ainda assim Pelé, que sem grandes exuberâncias, tentou segurar um meio-campo também ele à deriva e chegou mesmo a estar perto do golo, num remate fortíssimo aos 72’. Destaque também pela negativa, ao ser bem expulso, aos 90', num lance em que comete grande penalidade sobre Marega, que seguia isolado.

Rúben Ribeiro

Não é novidade o interesse do FC Porto no virtuoso médio rioavista. O que tornava esta exibição no Dragão ainda mais interessante. Não foi a melhor das noites para Rúben, que é destaque mais pelas circunstâncias do que pela exibição. O craque quer bola no pé, mas esta brigada azul e branca não lhe concedeu um metro.