Dois golos de bola parada decidiram uma final em que o Rio Ave não foi capaz de materializar o bom início e as dificuldades que criou ao Benfica no primeiro tempo. Os números apurados pela equipa da Universidade Lusófona para o Maisfutebol mostram também que a resposta dos encarnados se refletiu numa segunda parte de controlo quase absoluto. Este traduziu-se no «desaparecimento» de Oblak depois do intervalo e, principalmente, na forma como o adversário passou a perder muitas bolas no início de construção dos ataques.

Começando pelo princípio, e pelo bom início da equipa orientada por Nuno Espírito Santo, é justo sublinhar duas chaves: a primeira, a velocidade de Ukra, Rúben Ribeiro e Pedro, bem aproveitada por lançamentos para as costas da defesa encarnada. Esse trabalho coletivo que teve os médios Filipe Augusto e Tarantini como expoentes – foram eles os principais responsáveis pelo critério demonstrado pela equipa na forma como escapou à habitual pressão defensiva dos encarnados em zonas mais adiantadas.



Nesse sentido, o quadro acima é particularmente elucidativos: na primeira parte, Benfica e Rio Ave tiveram valores muito próximos de perda de bola na primeira fase de construção. Até porque a organização defensiva dos vilacondenses obrigava o Benfica a sair muitas vezes pelas laterais, através de Rúben e Luisão, os elementos mais livres para pegar na bola. Mas quando, no final da primeira parte, e numa fase de equilíbrio, o Benfica conseguiu uma das raras roturas, o remate de Rodrigo obrigou Ventura a grande defesa para canto. Desse lance nasceu o golo que desmontou as estratégias iniciais e mudou a história do jogo, como o atesta o quadro de perdas de bola na segunda parte:



A vantagem no marcador obrigou o Rio Ave a tornar-se menos compacto. Como consequência, o Benfica pôde subir mais o bloco de pressão, com Enzo e Rúben Amorim mais próximos dos avançados. Isto teve o duplo efeito de permitir aos encarnados recuperar a bola mais perto da área do Rio Ave (23% de perdas na primeira fase, um número muito elevado), ao mesmo tempo que anulou as soluções ofensivas que os vilacondenses tinham explorado no início do jogo. Assim, Tarantini e Filipe Augusto foram-se apagando, permitindo a Enzo mandar no jogo como ainda não o tinha feito.

Foi isto que afastou o jogo definitivamente da baliza encarnada: o Rio Ave só conseguiu dois remates depois do intervalo, nenhum deles enquadrado com a baliza, e Oblak, decisivo na primeira parte, passou a ser pouco mais do que um espectador privilegiado.


Por contraste, o Benfica, que tinha feito seis remates na primeira parte, e marcado no sexto e último, já em cima do intervalo, traduziu o ascendente num aumento significativo de remates, com Luisão a sentenciar a partida no aproveitamento de mais uma das 11 situações de bola parada de que dispôs. Curiosamente, menos do que o Rio Ave, que teve 15. E terá sido esta diferença de eficácia a última das chaves que explicam a final de Leiria.