A taça fica em casa. E fica bem. O Sp. Braga foi o finalista mais competente, o mais sereno, o mais organizado e, por que não dizê-lo, o mais afortunado na hora de todas as decisões. Os penáltis já se preparavam para entrar em cena quando Ricardo Horta aproveitou um ressalto na muralha portista, após remate de Fransérgio, e encheu de desconsolo o mundo azul e branco. Ainda de mais desconsolo.

Os últimos oito dias foram péssimos para Sérgio Conceição e equipa. Por culpa do Sp. Braga, vencedor dos dois duelos, olhos nos olhos, Liga e Taça da Liga. Os Guerreiros do Minho conquistam a prova pela segunda vez, o FC Porto continua sem preencher esse vazio no museu.

O Sp. Braga foi principalmente superior aos dragões nos primeiros 25 minutos. Teve duas bolas claras para golo – uma na barra rematada por Ricardo Horta e outra bloqueada por milagre na perna de Alex Telles – e uma organização que nunca se viu do outro lado até ao fim de jogo.

FICHA DE JOGO E AO MINUTO DP SP. BRAGA-FC PORTO

Misteriosos são os caminhos do futebol. Oito dias depois de ter enormes problemas em encaixar no 3x4x3 desenhado por Rúben Amorim, sobretudo na forma de bloquear os falsos laterais do Sp. Braga (Sequeira e Esgaio), o FC Porto cometeu o mesmíssimo pecado.

Estranho, de facto. Objetivamente, os dragões nunca perceberam se deviam fazer a aproximação a esses homens com um dos laterais, um dos médios ou um dos extremos. Chegou a ser constrangedor ver Corona a chamar Marega ou Marega a reclamar com Otávio.

Certo é que na saída limpa do Sp. Braga, a bola entrava facilmente nesse corredor aberto, obrigando à reação e ao esforço excessivo dos portistas. Até aos 25 minutos, quase 30, o Braga foi extraordinariamente superior e podia ter cavado nessa fase uma diferença grande no marcador.

DESTAQUES DOS GUERREIROS: Horta e Palhinha, Braga não vai dormir

Não o fez e, já se sabe, este FC Porto é um animal perigoso quando aparenta ferimentos graves. Caído na partida, o dragão reagiu com bravura, ameaçou primeiro num cabeceamento de Soares e logo a seguir com um pontapé do avançado à barra. Tiquinho teve tudo para marcar, mas faltou-lhe a serenidade dos maiores. Quis rematar em violência e a bola subiu demasiado.

Por essa altura, já o jogo estava equilibrado e o Sp. Braga assumira um menor risco nas suas ações. Compreensível.

Já menos compreensível é a reação do FC Porto lá mais à frente, no período de descontos. Depois de ser repreendido por um cabeceamento de Raúl Silva à barra, os dragões mostraram não aprender com os erros. Facilitaram o remate a Fransérgio e Ricardo Horta aproveitou a deixa para agarrar a taça.

Não há forma de o FC Porto ganhar uma Taça da Liga.

Sérgio Conceição tem muitos problemas para resolver em casa. Principalmente no meio-campo. O rendimento de Danilo e Sérgio Oliveira foi sofrível. O primeiro está claramente limitado em tudo o que faz, a jogar em esforço. O segundo teve uma noite horrível até sair. Mas não é só isso.

Este FC Porto é previsível e ansioso em ataque organizado, básico no posicionamento tático e monogâmico na forma de atacar. Só tem uma forma de vida: bola profunda, a buscar o estilo predador de Marega (alguém o tem visto?) ou as diagonais de Soares e Díaz.

Jogo interior? Profundamente dependente de Otávio. Não chega. É impossível acusar a equipa de falta de entrega, raça, atitude, mas este FC Porto de Conceição joga pouco ou, pelo menos, não joga o suficiente para mandar no futebol português. Como muitas versões anteriores do mesmo clube fizeram.

Falta falar do melhor em campo, um guerreiro dos pés à cabeça: João Palhinha, uma exibição gigante. No remate de Horta, juraríamos que o coração do médio andava por ali. Enorme.

Rúben Amorim: cinco jogos como treinador principal do Sp. Braga, um troféu conquistado. Um troféu que continuará a faltar a Sérgio Conceição.