«Obviamente se eu entrar no court isso significa que posso jogar». As palavras foram de Roger Federer nesta quinta-feira, véspera de começar a final Taça Davis, quando ficou estabelecida a ordem dos jogos – onde também ele ficou confirmado pelo capitão da equipa suíça.

Faz-se agora o começo do ponto prévio: a levar até à última letra o que o suíço disse, não foi bem assim que aconteceu na última vez que apareceu no court em dia de encontro. Na final do Masters, no último fim de semana, Federer apareceu apenas para comunicar precisamente que não ia jogar.

Este relato das coisas não pretende ser maldoso; pretende apenas acentuar o fio da navalha em que têm sido passados estes dias antes da Taça Davis: marcados pela lesão que obrigou Federer a não jogar no último domingo; mas marcados também pelo caso da discussão com Stan Wawrinka.

Rematando os pontos prévios, o rescaldo da meia-final entre os suíços no Masters em Londres foi tudo menos pacífico. Os relatos fizeram as manchetes das notícias do ténis: a «grande» discussão que terá havido entre Wawrinka e Federer nos balneários; discussão que terá chamado ao barulho a própria Mirka Federer, a mulher de Roger.

As palavras de John McEnroe enquanto comentador da «ESPN» foram amplamente divulgadas: «Algo aconteceu naquele balneário entre Federer e Wawrinka que se entendeu pela noite». Acusações de Wawrinka à mulher de Federer por provocá-lo quando servia para fechar o terceiro set quando vencia 5-4 não o foram menos na forma de uma frase alegadamente apanhada pela câmaras de transmissão do encontro: «Ela fez o mesmo em Wimbledon.»



Foi já quando a equipa da Suíça estava em França, onde se vai jogar a final, que os dois tenistas trataram de mostrar publicamente que a questão não seria tema que fosse importunar o seu desempenho na Taça Davis. O fogo foi sendo apagado.

«Tivemos uma conversa depois do encontro e todos estamos tranquilos a respeito dessa situação», afirmou Federer em conferência de imprensa. wawrinka reforçou o bem estar assumido: «Para nós não significa nada. Levámos cinco minutos a falar disso e a passar ao próximo objetivo que é a Taça Davis.»

O nº4 do mundo fez questão, inclusive, de ir espalhado pelas redes sociais caricaturas sobre a gravidade atribuída ao caso.
 


«Não há qualquer ressentimento. Nós somos amigos, não inimigos. Foi uma daquelas situações do calor do momento», disse o nº2 do ranking nas explicações públicas, já depois de ter também ele exposto nas redes sociais a tranquilidade entre a equipa suíça.
 



Na quarta-feira, véspera do sorteio dos jogos, Wawrinka voltou a fazer pouco do mal estar. E replicou mais uma caricatura.
 



E com tudo bem no espírito da seleção suíça, apenas faltava resolver
a questão da lesão nas costas que ia deixando por definir o que faltava neste(s) ponto(s) prévio(s). Federer já tinha voltado a treinar. Nesta quinta-feira, o capitão helvético, Severin Luthi desfez as dúvidas e convocou o nº2 do mundo para o primeiro dia dos jogos.

«Estou muito satisfeito por conseguir jogar amanhã. Vou fazê-lo», assumiu Federer. E com os pontos prévios rematados, assim se chega à final da 103ª edição da Taça Davis.

Jogos desta sexta-feira:

Jo-Wilfried Tsonga (Fra) v Stan Wawrinka (Sui), 13:00
Gaël Monfils (Fra) v Roger Federer (Sui)
Sábado

Julien Benneteau/Richard Gasquet (Fra) v Marco Chiudinelli/Michael Lammer (Sui), 14:30
Domingo

Jo-Wilfried Tsonga (Fra) v Roger Federer (Sui), 12:00
Gaël Monfils (Fra) v Stan Wawrinka (Sui)



Olhando agora para esta final da Taça Davis unicamente a partir desta sexta-feira, poucas dúvidas haverá de que a seleção capitaneada por Severin Luthi é a favorita para vencer e levar a Suíça a ganhar pela primeira vez a taça conhecida como a «saladeira». A Suíça está pela segunda vez na final e, agora, jogam-na com o nº2 e o nº4 do mundo no encontro de singulares , como veio a ser frisado, 
.

A maior tradição da França na competição (com nove triunfos) não servirá de grande argumento para contraiar o favoritismo helvético – até porque o último já data de 2001. O factor casa será mesmo o maior trunfo que Tsonga e Monfils (12º e 19 do mundo, respetivamente) poderão aproveitar para colocarem as partidas de singulares a seu favor – como já o fizeram (Federer tem larga vantagem sobre ambos, mas, com Wawrinka, os duelos estão ela por ela
).

A seleção capitaneada por Arnaud Clement vai ter não só a maioria dos 27 mil espectadores a torcer por si no pavilhão de Lille, como (embora coberto) os franceses escolheram o piso de terra batida para se jogar a final.

Está então, agora, tudo pronto para que se comece a jogar a final da Taça Davis e Roger Federer lute por um dos poucos grandes títulos que ainda não tem. Pelo menos, a garantia está até uma hora antes do primeiro encontro do dia, altura até à qual pode haver substituições por lesões devidamente comprovadas...