Todos sabem que a Taça de Portugal é uma competição especial. Não é por acaso que lhe chamam a «prova Rainha». Ainda assim, é mais especial para uns do que para outros. Um dia, quando se escrever a história da carreira de Marinho, capitão da Académica, vai ter de se dizer que era um jogador com uma predileção especial para jogos da Taça.

O epíteto de «herói da Taça» que ganhou em 2012 depois de ser decisivo na conquista do troféu pelos «estudantes», e justificado por ter sido decisivo nas meias-finais para a eliminação da Oliveirense, antes de marcar o golo da vitória no Jamor diante do Sporting, parece não largar o jogador de 34 anos, que, diante do Nacional marcou o golo com que leva a Académica rumo aos oitavos de final da Taça. 

E nem é preciso ir além da edição deste ano para perceber o quão Marinho gosta de ser decisivo na «prova Rainha».

Na 3.ª eliminatória, quando a Académica derrubou o P. Ferreira após prolongamento, já fora do capitão o golo decisivo e, neste domingo, diante do Nacional, o baixinho Marinho voltou a colocar-se em bicos dos pés para escrever novo capítulo dourado desta sua história de amor com Taça de Portugal, coroando ainda da melhor forma a estreia de Ricardo Soares no comando da Briosa.

Candidatos de futebol pobre

Num jogo em que estavam em confronto duas equipas que definiram a subida à I Liga como objetivo o início da época, esperava-se melhor futebol do que aquele que foi apresentado nos primeiros 45 minutos.

Apesar de uma boa entrada da equipa da casa, durou pouco a tentativa de assalto à área contrária. Depois de algumas jogadas interessantes do ataque dos «estudantes» nos primeiros 15 minutos, o Nacional cerrou fileiras no setor intermediário e dificultou a chegada com perigo à sua área.

Só que, excetuando um ou outro lance de combinações entre Murilo e Ricardo Gomes, os insulares não aproveitaram o facto de terem conseguido ganhar o meio-campo para se acercarem da baliza de Ricardo Ribeiro com perigo.

Aliás, no primeiro tempo, pertenceria mesmo à Académica a melhor oportunidade, quando João Real surgiu na área insular a cabecear ao poste (39'), após livre batido por Nelson Pedroso.

Na segunda parte, o caminho parecia que ia ser semelhante, até surgir o génio de Marinho. A Académica já estava a ameaçar chegar ao golo quando, aos 62, depois de Framelin ter impedido o golo por duas vezes na mesma jogada, já não chegou para ir defender o cabeceamento triunfal de Marinho.

Ainda com cerca de 30 minutos para jogar, e apesar da expulsão de Nelson Pedroso aos 70', os «estudantes» garantiram mesmo o apuramento para a próxima ronda da Taça de Portugal, competição que, em Coimbra, conforme já se percebeu, rima com Marinho.

Quando foi substituído, já para lá dos 90 minutos, o jogador de 166 centímetros recebeu uma ovação daquelas que só são dedicadas aos heróis. E ele é, definitivamente, o «herói da Taça» desta Académica. 

Ficha de jogo

Estádio Municipal de Coimbra

Árbitro: Luís Godinho (AF Évora)

ACADÉMICA: Ricardo Ribeiro; Mike, João Real, Zé Castro e Nélson Pedroso; Ricardo Dias e Guima; Femi Balogun (Yuri, 90+3), Chiquinho e Marinho (Luisinho, 90+5); Djoussé (Harramiz, 81').

SUPLENTES NÃO UTILIZADOS DA ACADÉMICA: Guilherme, Ki, Zé Tiago e Diogo Ribeiro.

NACIONAL: Framelin; Campos, Diogo Coelho; Felipe Lopes e Elízio; Geraldo, Jota e Kaká (Vanilson, 80'); Murilo (Witi, 67'), Camacho (Vítor Gonçalves, 88') e Ricardo Gomes.

SUPLENTES NÃO UTILIZADOS DO NACIONAL: Gauther, Diogo Barcelos, Júlio César e Edgar Abreu.

Disciplina

Cartões amarelos: para Femi Balogun (39'), Geraldo (42'), Dias (43'), Nelson Pedroso (58' e 70), Guima (69'), Diogo Coelho (77'), Felipe Lopes (81')  e para Jota (90').

Golos: Marinho (62').