Foram precisas horas extraordinárias para encontrar o segundo finalista da Taça de Portugal. Tudo apontava para uma partida muito equilibrada entre Belenenses e Sp. Braga e assim foi. Só mesmo numa grande penalidade se encontrou o adversário do Sporting. Ganhou a equipa que faz a viagem mais curta até ao Jamor.
Tal como tinha acontecido na última ronda da Liga, frente ao E. Amadora, o Belenenses entrou forte no jogo e marcou cedo. Estavam cumpridos apenas cinco minutos da partida quando o inevitável Dady inaugurou o marcador, dando o melhor seguimento a um grande passe de Ruben Amorim.
O golo, no entanto, teve duplo efeito. Deu uma desejada vantagem ao Belenenses, está claro, mas adormeceu a equipa. O Sporting de Braga subiu no terreno e começou a tirar proveito da sua arma preferencial: a velocidade dos extremos. Maciel e Wender meteram a quinta, conduzidos por um João Pinto que, aos poucos, se foi libertando da marcação de Ruben Amorim. O meio-campo bracarense começava a superiorizar-se, muito também por culpa de Vandinho, que aproveitava o facto de Silas estar entregue a Andrade para subir e desequilibrar, através de passes de ruptura.
Foi assim que surgiu o primeiro aviso do Sp. Braga, à passagem do primeiro quarto de hora. Vandinho assistiu Wender na área e este cruzou para Maciel, que atirou à barra. Pouco depois mais dois avisos, quase em jeito de brincadeira. Primeiro Maciel surgiu na área isolado, mas depois de passar Marco atirou-se para o chão (18m). Um minuto depois foi Wender a marcar um golo com a mão. O árbitro Jorge Sousa estava atento em ambas as ocasiões e «brindou» os jogadores com o amarelo.
Mas estava dado o recado e pouco depois o golo ia ser a valer. Combinação entre os três suspeitos do costume, com João Pinto a servir Wender na área e este a tocar de calcanhar para Maciel, que fez o empate.
Mais equilíbrio, menos espectáculo
No segundo tempo o Belenenses equilibrou as operações, face a um Sp. Braga que tinha agora Davide no lugar de Nem (Frechaut passou para central). A partida ficou mais repartida, mas também menos espectacular. Os lances de perigo sucediam-se em ambas as balizas, mas sem que os principais intervenientes conseguissem desequilibrar. J. Pinto, Wender e Maciel caíram de produção em relação à primeira parte; a equipa da casa continuava refém de Zé Pedro e Silas, que teimavam em não aparecer na partida.
Ambos os técnicos perceberam que era preciso mexer. Jesus trocou Silas e Cândido Costa por Sandro Gaúcho e Fernando. Jorge Costa colocou Castanheira no lugar de Andrade. Mas nos últimos dez minutos nenhuma das formações arriscou, com medo de dar um passo em falso. Dady ainda colocou a bola no fundo da baliza, já em período de descontos, mas com a mão.
A traição de Wender deixou o Sp. Braga entregue aos braços de Frechaut
Havia mais trinta minutos para jogar e Jorge Costa lançava o último trunfo, Cesinha, que entrou para o lugar de Maciel. A equipa do Belenenses apresentava algo remendada, uma vez que Jesus tinha ficado sem Amaral (lesionado) e tinha colocado Carlitos, ficando Ruben Amorim a lateral direito. O Sp. Braga surgiu no tempo extra completamente de rastos, e a tarefa ficou ainda mais complicada com a expulsão de Wender, aos 97 minutos. No que restou do prolongamento foi ver os «arsenalistas» remetidos à defesa e o Belenenses à procura do golo da vitória. E este surgiu aos 109 minutos. Jorge Costa tinha dito que o jogo se iria resolver nos pormenores e assim foi, para sua infelicidade. Frechaut travou um cruzamento de Dady com o braço e permitiu a Zé Pedro, de grande penalidade, colocar o Belenenses na final da Taça.