A festa da Taça é feita de «tomba-gigantes». Equipas que ultrapassam a diferença de escalão, de estatuto e de orçamento para bater o pé a equipas (teoricamente) mais fortes. Emblemas do principal escalão subjugados à humilde capacidade de trabalho das divisões inferiores, muitas vezes amadora. Um fenómeno que afecta também os denominados «grandes», já surpreendidos treze vezes.

Dos três principais emblemas portugueses, o F.C. Porto é quem tem mais eliminações diante de adversários de divisões inferiores. Seis, metade das quais na década de 40. Em 1942/43 o emblema azul e branco foi afastado nas meias-finais pelo V. Setúbal, então no segundo escalão. E logo com uma goleada: 7-0! Na época seguinte voltou a tombar, desta feita diante do Estoril (II), nos quartos-de-final (3-2 e 2-1). Em 1947/48 o F.C. Porto é surpreendido pela terceira vez, na visita ao Barreirense (1-0), em jogos dos oitavos-de-final.

Seguiram-se mais de vinte anos sem grandes surpresas. Até 1969/70, quando foi eliminado pelo Tirsense, da 2ª divisão, na quinta eliminatória (2-2 e 1-0). As outras eliminações são mais recentes, e por isso também o nome dos heróis está mais fresco da memória. Em 1998/99 o Torreense, então na 2ª Divisão B, conseguiu uma surpreendente vitória nas Antas (0-1). Um golo de Cláudio Oeiras decidiu o encontro da 5ª eliminatória e proporcionou a Fernando Santos uma tarde bem amarga. Oito anos depois a estrela foi o brasileiro David, mas já no Estádio do Dragão. Com Jesualdo Ferreira no banco, o «dragão» foi eliminado na quarta eliminatória pelo Atlético (0-1).

De Mendes a Orestes, as feridas do leão

O Sporting já foi surpreendido quatro vezes na história da Taça de Portugal. A primeira em 1948/49. Logo na primeira eliminatória, na visita ao Tirsense, a equipa leonina foi surpreendida pelo emblema que disputava a III Divisão (2-1).

As outras três eliminações são bem mais recentes. Na quarta eliminatória da edição 1998/99 o Sporting foi derrotado pelo Gil Vicente (Liga de Honra), na quarta eliminatória. Casquilha, Moreira e Tavares marcaram a Tiago, tornando irrelevantes os golos de Vidigal e Krpan.

Em 2002/03, com Tiago novamente na baliza, os «leões» foram surpreendidos em casa pela Naval (0-1). Um golo de Costé garantiu a festa da equipa então orientada por Álvaro Magalhães, que seguiu para as meias-finais. Um ano depois, e já no novo Estádio José Alvalade, nova desilusão. O Sporting é eliminado logo na quinta eliminatória, por força de uma derrota caseira frente ao V. Setúbal. Orestes marcou o único golo do encontro.

Cílio e Mendonça, caçadores de águias

O Benfica é o clube com mais Taças de Portugal no palmarés, facto que ajuda a explicar que seja também o «grande» com menos eliminações diante de equipas de divisões inferiores. Foram três, no total, sendo que a primeira, em 1960/61, tem uma atenuante. No duplo duelo com o V. Setúbal, para os oitavos-de-final, as «águias» começaram por vencer em casa por 3-1. Só que a segunda mão foi disputada um dia depois do primeiro título europeu, conquistado em Berna, ao Barcelona. No dia seguinte à festa, o Benfica foi ao Campo dos Arcos com as reservas e acabou eliminado (4-1).

Só 41 anos depois é que o Benfica voltou a promover um «tomba-gigante». Um golo do brasileiro Cilio Souza ditou a passagem do Gondomar para a 5ª eliminatória e atirou Jesualdo Ferreira para o desemprego. A última surpresa ocorreu em 2006/07. Fernando Santos convocou David Luiz pela primeira vez, mas o brasileiro não saiu do banco, e foi de lá que viu o Varzim eliminar o Benfica (2-1), na 6ª ronda. Um autogolo de Nelson e um tento de Mendonça garantiram a estreia feliz de Diamantino Miranda como técnico da equipa poveira, então no segundo escalão.

Confira as treze derrotas